A opinião dos analistas contactados pela Agência Financeira sobre as condições apresentadas pelo BCP em torno do aumento de capital é unânime: o valor avançado de 1,20 euros por acção não parece causar grandes surpresas e há quem já aponte alguns accionistas que poderão reforçar a sua posição no maior banco privado.
De acordo com um especialista de mercados, que preferiu o anonimato, «se não tivéssemos assistido a um grande desconto muito dificilmente os accionistas subscreveriam este aumento de capital». É de referir que o valor (1,2 euros) representa um desconto de 45 por cento face ao fecho de quinta-feira, quando as acções atingiram os 2,19 euros.
Segundo o mesmo, há accionistas que irão aproveitar este valor para reforçarem a sua posição no maior banco privado. É o caso da Sonangol, que detém actualmente cerca de 4%, e que poderá reforçar para os 10%.
Também os financiadores-Merrill Lynch e Morgan Stanley-,de acordo com o mesmo, «só estão por trás porque há este grande desconto».
Queda das acções
Para o responsável, a desvalorização das acções do maior banco privado, que esta sexta-feira já atingiram uma quebra de 5%, era previsível, acrescentando ainda que «só não assistimos a uma queda mais acentuada porque hoje é o último dia em que as acções da instituição negoceiam com direito a participar na operação».
Já outro analista contactado pela AF reiterou que o valor de 1,2 euros representa um desconto acima do previsto, mas que é explicado por dois motivos: «A administração do BCP pode estar a abrir a porta a um reforço de posição dos actuais accionistas e, por outro lado, a fazer um convite à entrada de novos parceiros», disse. É que os accionistas que decidirem não acompanhar o aumento podem vender os direitos a terceiros.
Por outro lado, o valor «reflecte ainda algum receio perante as condições actuais da banca e ao sentimento de alguma instabilidade nos mercados».
Dos accionistas com participação qualificada, pensa-se que a Teixeira Duarte, Sonangol, Sabadell, Joe Berardo, BPP e Stanley Ho vão subscrever o aumento de capital de forma a manter a sua posição ou até reforçar. No caso específico da Sonangol, o mesmo responsável sublinha igualmente que «este é o momento certo para o grupo aumentar a sua presença no capital social no BCP».
Quanto à descida das acções na sessão desta sexta-feira, o mesmo analista sublinha que a derrapagem «era relativamente esperada nesta altura do campeonato» e aponta inclusivamente para um sentimento de correcção face «à boa prestação que as acções do banco têm tido nas duas últimas semanas».
BCP: forte desconto é convite a reforços e novos accionistas
- Sónia Peres Pinto
- Rui Pedro Vieira
- 4 abr 2008, 13:06
Analistas contactados são unânimes que 1,20 euros é também reflexo da instabilidade sentida nos mercados
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