Constâncio: crise com impacto incerto em Portugal - TVI

Constâncio: crise com impacto incerto em Portugal

Portugal cresce menos em 2008, mas converge com Zona Euro

Evolução dos primeiros meses de 2008 confirma manutenção da tendência

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Os choques externos que marcaram a segunda metade de 2007 (turbulência financeira e disparo no preço das matérias primas) deverão ser maiores e mais duradouros do que inicialmente se esperava. E o seu inevitável impacto na economia portuguesa é ainda incerto, refere o Banco de Portugal (BdP) no Boletim Económico da Primavera.

«A segunda metade de 2007 foi marcada por dois choques externos com importantes repercussões numa pequena economia aberta como a portuguesa, plenamente integrada em termos económicos e financeiros», refere a instituição.

O primeiro foi a «significativa turbulência nos mercados financeiros internacionais, associada a uma significativa reavaliação do risco dos investi dores, que implicou um aumento abrupto da volatilidade dos mercados obrigacionistas e accionistas, um alargamento substancial dos spreads nos mercados de dívida privada, a ocorrência de perturbações significativas nos mercados monetários interbancários e um aumento generalizado da incerteza quanto à evolução e interacção entre os mercados financeiros e a actividade económica a nível global», pode ler-se no Boletim.

Já o segundo, foi «a subida mais significativa dos preços das matérias -primas nos mercados internacionais, em particular do petróleo e das matérias -primas alimentares. Em ambos os casos, a aceleração dos preços reflectiu em particular um forte dinamismo da procura, nomeadamente das economias de mercado emergentes».

O Banco de Portugal revela ainda que a evolução observada nos primeiros meses de 2008 «confirmou que a persistência e magnitude destes choques será superior ao inicialmente antevisto, sendo que a sua extensão final, bem como o respectivo impacto sobre a evolução da economia portuguesa, ainda se encontram rodeados de uma elevada incerteza».

A turbulência dos mercados financeiros veio alterar «significativamente» o enquadramento da política monetária na área do euro. Neste período, as perspectivas para a actividade económica na área do euro ficaram sujeitas a um grau de incerteza superior ao habitual.

Confiança penalizada e abrandamento no crédito



A economia portuguesa encontra-se exposta aos efeitos da instabilidade nos mercados financeiros internacionais, atendendo nomeadamente ao seu grau de abertura económica e financeira. A turbulência que se tem verificado veio introduzir importantes alterações no contexto em que os agentes (financeiros e não financeiros) obtêm parte significativa do seu financiamento. «A reavaliação dos prémios de risco e o agravamento das condições de financiamento dos bancos nos mercados financeiros internacionais por grosso estarão a contribuir para um aumento dos custos do financiamento da economia e para a aplicação de critérios mais restritivos na aprovação de novos empréstimos, o que se tenderá a reflectir num abrandamento do crédito ao sector privado».

Por outro lado, o aumento da incerteza e uma diminuição dos preços dos activos financeiros «deverão ter efeitos desfavoráveis na confiança dos agentes económicos e induzir efeitos riqueza negativos».

Desta forma, a situação de turbulência nos mercados financeiros internacionais «tenderá a condicionar negativamente as perspectivas para a actividade económica em Portugal, permanecendo, contudo, uma elevada incerteza quanto à severidade e persistência da situação nos mercados e, consequentemente, sobre a magnitude do impacto sobre a economia portuguesa».
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