Cavaco pede intervenção ilimitada do BCE - TVI

Cavaco pede intervenção ilimitada do BCE

Presidente espera que Draghi não seja limitado pela sua nacionalidade

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O Presidente da República compreende a resistência da Alemanha a uma intervenção ilimitada do Banco Central Europeu (BCE), mas voltou a defender a ideia, dizendo esperar que Mário Dragi «não esteja marcado pela sua nacionalidade italiana».

«Por aquilo que tenho vindo a ler e a ouvir, aquilo que eu defendo há muito tempo para vencer a crise do Euro e que formalizei mesmo na conferência de Florença está a fazer o seu caminho», congratulou-se o chefe de Estado português, em declarações aos jornalistas à chegada a Washington, onde prossegue hoje a sua visita aos Estados Unidos da América.

Recuperando uma ideia que tem vindo a defender publicamente desde o final de Setembro, Cavaco Silva voltou a insistir na necessidade do BCE manifestar «a disponibilidade para uma intervenção ilimitada no mercado secundário da dívida pública daqueles países que sendo solventes enfrentam problemas de liquidez», tendo como contrapartida a implementação de políticas de disciplina orçamental e políticas estruturais para aumentar a competitividade.

Cavaco Silva sublinhou, contudo, que compreende a resistência da Alemanha a esta proposta, porque o país se recorda da «inflação do tempo da República de Wiemar».

Mas, argumentou o chefe de Estado português, os estudos que têm vindo a ser feitos mostram que «em tempos de crise não há uma correlação entre a base monetária e a totalidade dos meios de pagamento em circulação».

Ou seja, em momentos de crise, «aquilo que são notas e moedas em circulação e depósito no BCE descola da totalidade da moeda em circulação que pode eventualmente provocar inflação, a totalidade dos meios de pagamento».

Considerando que a mensagem que está neste momento a passar é também de interrogação sobre as razões que levam o BCE a não actuar como o Banco Federal norte-americano ou o Banco de Inglaterra, Cavaco Silva confessou que espera que o novo presidente da instituição, Mário Dragi, «não esteja marcado pela sua nacionalidade italiana».

Pois, continuou o Presidente da República, o problema já não se coloca tanto em relação a Portugal, Grécia ou Irlanda, na medida em que esses países têm financiamento assegurado por algum tempo, mas põe-se em relação à Itália, Espanha, ou outros países europeus que são países claramente solventes.

«A Itália é uma economia forte a nível europeu e a nível mundial, mas pode enfrentar problemas de liquidez», disse, recordando que neste momento o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira não consegue enfrentar ataques especulativos à dívida italiana.

Cavaco Silva, que defendeu publicamente pela primeira vez a intervenção ilimitada do BCE no final de Setembro, durante uma entrevista à TVI, reiterou ainda que caso o BCE «actue verdadeiramente como um emprestador de última instância», não serão necessárias muitas intervenções no mercado.

Pois, notou, aqueles que apostam nas subidas das taxas de juro acabarão por concluir muito rapidamente que perdem com essa aposta e «o BCE ficará como uma arma de reserva muito forte, a mais forte que se pode encontrar, disposta a ser utilizada a qualquer momento em caso de necessidade».
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