"As enfermeiras acordaram-me a meio da noite, o bebé já não estava ao meu lado": recém-nascido morreu asfixiado com o peso da mãe que adormeceu ao amamentá-lo - TVI

"As enfermeiras acordaram-me a meio da noite, o bebé já não estava ao meu lado": recém-nascido morreu asfixiado com o peso da mãe que adormeceu ao amamentá-lo

Bebé (Pexels)

Aconteceu em Itália. O hospital está a ser investigado por suspeitas de negligência

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O hospital italiano Sandro Pertini, em Roma, está a ser investigado na sequência da morte de um recém-nascido, que terá sufocado com o peso da mãe depois de esta ter adormecido ao amamentá-lo.

Em entrevista ao Corriere della Sera, a mãe, de 30 anos, conta que deu entrada no hospital no dia 4 de janeiro e que o bebé só nasceu no dia seguinte, depois de um parto de 17 horas, que a deixou de tal forma exausta que sentiu necessidade de pedir ajuda às enfermeiras para cuidar da criança.

"Durante duas noites - a primeira depois do parto e a seguinte - consegui, com muita dificuldade, manter o bebé junto a mim", começa por contar a mulher, que recorda que o bebé estava "muito bem de saúde" e que "pesava mais de três quilos".

"Eu estava preocupada e pedi ajuda às enfermeiras. Perguntei-lhes se podiam ficar com ele durante algum tempo, mas responderam-me que não era possível levá-lo para o berçário", diz. A mãe conta que voltou a pedir ajuda na noite seguinte, admitindo sentir-se ainda mais cansada do que nos dias anteriores - mas a ajuda voltou a ser-lhe recusada.

E o pior acabou por acontecer nessa noite, quando estava a amamentar o bebé e acabou por adormecer. "Nessa noite colapsei. Não conseguia mais. Não me lembro de mais nada depois disso", conta. O bebé ficou debaixo do peso da mãe e acabou por morrer asfixiado.

Uma mulher que estava no mesmo quarto, numa cama ao lado, apercebeu-se que o bebé corria risco de sufocar e ainda pediu ajuda. Mas quando os médicos chegaram ao local já era tarde.

"De repente, as enfermeiras acordaram-me a meio da noite: o bebé já não estava ao meu lado. Sem me dizerem uma palavra, fizeram-me levantar e levaram-me para uma sala ali perto. E disseram-me que o bebé estava morto", recorda a mãe, que diz não se lembrar da presença de um psicólogo, nem de lhe terem dado uma explicação para a morte do filho. 

"Estou certa de que não me contaram como aconteceu. A partir desse momento, não consegui perceber mais nada, tudo colapsou. Talvez tenha desmaiado", diz, admitindo não se lembrar "de nada dessa noite". 

Acabou por se aperceber do sucedido "aos poucos", revela, afirmando ter ficado incrédula com toda a situação. "Eu pedi ajuda por três noites consecutivas ao staff do departamento [de obstetrícia e ginecologia] onde estava hospitalizada. Eles não me ouviram", lamenta.

De acordo com o jornal italiano, o Ministério Público abriu uma investigação para apurar as circunstâncias da morte e os agentes da polícia de Sant'Ippolito dirigiram-se ao hospital na tarde de 8 de janeiro, tendo obtido os registos médicos da criança e da mãe e o horário dos médicos e enfermeiros que estavam de serviço entre 4 a 8 de janeiro.

De acordo com os regulamentos do hospital, o pessoal médico está obrigado a garantir que o bebé regresse ao berço após a amamentação. Os procuradores vão analisar uma eventual violação das regras hospitalares, bem como suspeitas de negligência.

A mãe e o pai da criança, que resolveram não apresentar queixa por confiarem "no trabalho dos procuradores", ainda não foram ouvidos pelo Ministério Público.

Apás as notícias deste caso, dezenas de mães têm vindo a partilhar as suas experiências de terem sido praticamente "abandonadas" no pós-parto, enquanto várias associações denunciam a falta de pessoal médico nas maternidades e hospitais.

"Podia ter acontecido a qualquer pessoa. Depois de um parto de 15 horas e de uma cesariana de emergência, adormeci de tão exausta que estava com a minha filha ao meu peito. Acordei a gritar, porque ela já não estava lá e pensei que ela tivesse caído no chão, mas felizmente a minha mãe tinha-a deitado no berço", escreve uma mulher numa publicação nas redes sociais, citada pelo The Guardian.

A autoridade de saúde local responsável pelo hospital Sandro Pertini assegurou que a unidade hospital vai cooperar com a investigação, mas negou suspeitas de más práticas no serviço e garantiu que não há falta de profissionais no departamento.

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