PR quer professores «acarinhados» - TVI

PR quer professores «acarinhados»

  • Portugal Diário
  • 5 out 2007, 12:25
Cavaco Silva (Foto Lusa/André Kosters)

Cavaco Silva propôs um «novo olhar sobre a escola» nas comemorações do 5 de Outubro. Presidente lembra pais que não basta ir a reuniões e que as escolas não são fábricas de ensino. Ministra da Educação não ouviu discurso. Sindicatos e Sócrates já reagiram às declarações

O Presidente da República propôs um «novo olhar sobre a escola», uma escola ligada à comunidade, em que os pais estejam envolvidos de forma mais activa e participante e em que a figura do professor seja prestigiada, refere a Lusa.

«Gostaria de propor aos portugueses um novo olhar sobre a escola, sobre o modelo escolar construído à luz da ideia da inovação social», afirmou o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na sua intervenção da cerimónia das comemorações do 97 anos da proclamação da República.

Sublinhando não estar a dirigir-se em especial ao Governo e à Assembleia da República, mas «a todos os portugueses», Cavaco Silva defendeu a implementação de «novas estratégias, conceitos e práticas», considerando que é possível inovar «nos mais variados campos, incluindo a educação».

«Temos, de facto, de adoptar uma nova atitude perante a escola», insistiu, classificando como «imperioso» ter a consciência de que «o investimento mais reprodutivo que poderemos fazer é nas crianças e nos mais jovens».

«Não basta assistir a reuniões de pais

Essa consciência, continuou o Presidente da República, tem de existir «antes de mais» nos pais, a quem «não basta adquirir livros e manuais escolares, assistir de vez em quando a reuniões de pais ou transportar diariamente os filhos à escola».

Desta forma, é preciso acabar com a ideia de que a educação é uma tarefa que «compete sobretudo aos outros» e deixar de encarar as escolas como «fábricas de ensino», acrescentou o Presidente da República.

«Há toda uma cultura de autoexigência que deve ser estimulada nos pais, levando-os a envolver-se de forma mais activa e participante na qualidade do ensino, na funcionalidade e na conservação das instalações escolares, no apoio ao difícil trabalho dos professores», referiu.

«Prestigiar e acarinhar» os professores

Os professores mereceram, aliás, uma nota especial no discurso do Presidente da República, que defendeu a necessidade de prestigiar e acarinhar a figura do professor.

«Há que promover um verdadeiro sentimento de comunidade em relação à escola e ao sucesso educativo (...). Esse envolvimento pressupõe também, como é natural que a figura do professor seja prestigiada e acarinhada pela comunidade, o que requer, desde logo, a estabilidade do corpo docente», salientou Cavaco Silva.

Além disso, acrescentou, a dignidade da função docente assenta também, em larga medida, «no respeito e na admiração que os professores são capazes de suscitar na comunidade educativa, junto dos colegas, dos pais e dos alunos».

Ministra da Educação não ouviu discurso

O papel da comunidade foi também destacado por Cavaco Silva, que defendeu que as autarquias devem assumir maiores responsabilidade relativamente aos estabelecimentos de ensino e a entrega gradual da gestão dos estabelecimentos de ensino «às suas comunidades de pertença».

Na sua intervenção, que não foi escutada pela ministra da Educação que, ao contrário de outros ministros do executivo de José Sócrates, não esteve presente nas comemorações dos 97 anos da proclamação da República, Cavaco Silva alertou ainda para que as deficiências na educação das crianças e dos jovens é «a principal causa no nosso atraso estrutural».
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