O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, afirmou que é "lamentável" que a China tenha recusado a oferta dos EUA para falar numa cimeira de defesa esta semana em Singapura e que a contínua falta de comunicação pode resultar num "incidente que pode rapidamente ficar fora de controlo".
"Já me ouviram falar várias vezes sobre a importância de os países, com grandes capacidades, poderem falar uns com os outros para poderem gerir as crises e evitar que as coisas se descontrolem desnecessariamente", disse Austin em conferência de imprensa nesta quinta-feira, no Japão, com o ministro da Defesa japonês, Yasukazu Hamada.
"E quando olhamos para algumas das coisas que a China está a fazer no espaço aéreo internacional e nas vias navegáveis internacionais, as interceções provocatórias dos nossos aviões e também dos aviões dos nossos aliados, isso é muito preocupante e esperamos que alterem estes comportamentos. Mas, uma vez que ainda não o fizeram, preocupa-me a possibilidade de, a dada altura, ocorrer um incidente que poderá rapidamente ficar fora de controlo", considerou, acrescentando que "acolheria de bom grado qualquer oportunidade de dialogar" com os líderes chineses.
O Pentágono revelou, no início desta semana, que a China recusou uma proposta dos EUA para que Lloyd Austin se reunisse com o seu homólogo chinês Li Shangfu no fórum de segurança Shangri-La Dialogue, em Singapura. O Ministério da Defesa da China culpou os EUA pela sua recusa, alegando que a responsabilidade pela atual tensão entre as forças armadas dos dois países "cabe inteiramente aos EUA".
As declarações do responsável da defesa surgem depois de o presidente chinês, Xi Jinping, ter dito aos responsáveis pela segurança nacional da China para pensarem nos "piores cenários" e se prepararem para "mares tempestuosos", à medida que o Partido Comunista intensifica os esforços para combater quaisquer ameaças internas e externas.
As relações entre os dois países têm sido cada vez mais tensas nos últimos meses, especialmente após a viagem da antiga presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, à ilha autónoma de Taiwan, em agosto passado, e a decisão dos EUA de abater um balão espião chinês que voou sobre instalações militares sensíveis dos EUA, em fevereiro.