João Avilez, um dos coordenadores do mais recente Relatório Quinzenal de Acompanhamento da Seca elaborado pelo INAG, disse à Agência Lusa que a 28 de Fevereiro «a percentagem de Portugal continental em situação de 'seca extrema' estava entre os 40 e os 45%.»
O relatório divulgado hoje pelo INAG, que analisa a situação até 15 de Março, indica que «em relação a 28 de Fevereiro verificou-se um aumento de cerca de 15 por cento de território afectado por seca extrema.»
O mesmo documento indica que todo o litoral português excepto nas zonas litorais do baixo Alentejo e do Barlavento Algarvio estão numa situação de «seca extrema.»
Também o sotavento algarvio, mais de metade do Baixo Alentejo, o Alto Alentejo e cerca de metade da zona das Beiras estão na mesma situação.
O resto do país, excepto uma zona do Nordeste com «seca moderada», está em situação de «seca severa.»
Apesar dos dados apresentados, João Avilez disse à Lusa que os «abastecimentos públicos de água não estão em causa.»
No entanto, o relatório aponta que em diversos municípios do interior «estão identificadas carências no abastecimento a aglomerados de pequenas dimensões», nomeadamente nos distritos de Beja, Faro e Guarda.
O relatório define aglomerados de pequenas dimensões como sendo localidades com populações inferiores a 1.000 habitantes.
Vinhais (distrito de Bragança), Almeida, Celorico da Beira e Trancoso (Guarda), Sabugal e Mação (Castelo Branco), Mértola, Moimenta da Beira, Odemira e Mértola (Beja) e Sever do Vouga (Aveiro) são os concelhos com carências no abastecimento de água, segundo o documento do INAG.
No entanto, a generalidade das entidades responsáveis pelo abastecimento com problemas nas captações de água já tomaram iniciativas para encontrarem soluções alternativas e iniciaram campanhas de sensibilização.
Estas medidas estão de acordo com o Programa de Acompanhamento e Mitigação dos Efeitos da Seca de 2005, e naqueles concelhos recomenda a abertura de novos furos e a sua execução, a reactivação de captações de reserva, o abastecimento por auto- tanque e campanhas de sensibilização para a redução de consumos.
Relativamente à agricultura, o relatório indica que as principais culturas afectadas são os cereais como trigo, o triticale e a cevada, bem como os prados e as pastagens.
As condições de abeberamento do gado em pleno campo, acrescenta o relatório do INAG, estão igualmente a ficar comprometidas por falta de água.
Em termos hidrológicos - água nos cursos dos rios, ribeiras, aquíferos e albufeiras - o estudo verificou que os caudais em 35 secções de avaliação distribuídas de norte a sul registam valores de caudais abaixo da média, apesar de a maioria ter registado subidas de caudais em relação à quinzena anterior.
Os volumes armazenados nas albufeiras correspondem a cerca de 40 a 60 por cento da capacidade de armazenamento nas bacias hidrográficas dos rios Cavado, Ave, Douro, Vouga e Tejo, e entre os 60 e os 80 por cento para os rios Sado, Mondego, Guadiana e Mira.
As situações com armazenamentos mais reduzidos são das albufeiras das bacias hidrográficas dos rios Arade e Lima, com cerca de 15 e 30%, respectivamente.
Por isso mesmo, o relatório indica que nos aproveitamentos hidroagricolas de Silves, Lagoa e Portimão as campanhas de rega estão comprometidas, e no Roxo está mesmo impossibilitada.
Assim, quanto aos sistemas públicos de regadio, o relatório do Instituo da Água recomenda a adopção de medidas de poupança de água, «nomeadamente com a redução de consumos na rega das culturas e o cultivo de culturas menos consumidoras ou de ciclos curtos.»
Quase 60% de Portugal continental em «seca extrema»
- Redação
- Lusa/AM
- 17 mar 2005, 08:22
Cerca de 60% do território de Portugal continental está em situação de seca extrema, devido a um agravamento da situação nos últimos quinze dias, de acordo com dados divulgados hoje pelo Instituto da Água.
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