Descobertos chimpanzés que caçam com lanças - TVI

Descobertos chimpanzés que caçam com lanças

  • Portugal Diário
  • 23 fev 2007, 18:27

Animais foram observados no Senegal por cientistas dos EUA

Investigadores norte-americanos descobriram uma comunidade de chimpazés, no Senegal, em que as fêmeas utilizam lanças rudimentares de madeira para caçar. Já se sabia que estes primatas eram capazes de utilizar ferramentas para partir nozes, mas este tipo de operação mais complexa pode abrir uma perspectiva nova no estudo da evolução do ser humano.

A observação foi feita por Jill Pruetz e Paco Bertolani - que estão actualmente ao serviço da Universidade de Cambridge, no Reino Unido - quando estudavam, para a Universidade do Estado de Iowa, EUA, um grupo de chimpanzés que vivia num habitat pouco usual para a espécie, no sudoeste do Senegal.

Os animais tinham de descer das árvores para conseguir alimento e descansar dentro de buracos, durante as épocas mais quentes, para evitar o calor.

Contudo, a dado momento, Bertolani observou uma jovem fêmea empunhando uma lança rudimentar com que matou de seguida um gálago (uma espécie de primata pequeno), que dormia num buraco de árvore, para comer.

Esta observação, publicada agora na revista científica Current Biology e noticiada pela Reuters, foi tomada inicialmente como algo quase casual, mas foram registados novos episódios semelhantes. «Observei a conduta quase diariamente ao longo de 19 dias», garantiu Pruetz.

Os investigadores explicaram ainda o processo de fabrico das armas, que, verificaram, eram apenas utilizadas por fêmeas. Em primeiro lugar, os animais seleccionavam um ramo, que limpavam de galhos e folhas, partiam-no e aguçavam uma das pontas, mastigando-a com os dentes.

«Esta é uma forma simplesmente inovadora de adaptação a um ambiente muito duro», explicou Pruetz, apesar de explicar que o método não se revelou muito eficaz. Apesar do relativo insucesso da técnica, para os cientistas o processo revela um nível intelectual atribuído habitualmente apenas aos primeiros hominídeos, para além do papel das fêmeas no processo, que sugere «um reposicionamento das explicações tradicionais da evolução deste tipo de conduta» em relação ao ser humano.

Os chimpanzés são os parentes vivos mais próximos do ser humano, a nível génetico, já que as duas espécies partilham mais de 98 por cento do ADN.

Os cientistas acreditam que a separação na evolução entre os primeiros hominídeos e os chimpanzés aconteceu há cerca de sete milhões de anos.
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