EFF: Juliette Binoche por Juliette Binoche e pela sua irmã - TVI

EFF: Juliette Binoche por Juliette Binoche e pela sua irmã

Festival de cinema do Estoril Juliette Binoche (Lux)

Um retrato de amor feito por Marion Stalens

Relacionados
Há pessoas que têm um modo de vida. (Já é considerado uma grande conquista para a maioria .) Há, contudo, outras que vão mais além: não apenas vivem, mas são, assim ¿ como se de uma genética comportamental se tratasse. Juliette Binoche é uma dessas pessoas que não fica pela concretização do que para si deve ou tem de ser, mas cujo processo tem todo o seu sentido presente desde o desencadear até à sua concretização.

E por que é que isto é para aqui chamado? Já na véspera a actriz francesa tinha deixado presente esta dinâmica que a anima num viver criativo. Esta sexta-feira, Binoche foi vista assim no documentário «Juliette Binoche, Sketches for a Portrait» («Juliette Binoche dans les Yeus») exibido no Estoril Film Festival dando-se a conhecer de viva voz na conversa com o público que sucedeu a exibição do filme da sua irmã, Marion Stalens ¿ com quem partilhou o palco do Centro de Congressos do Estoril.

Recuando a 2008 somos convidados a entrar no mundo desta pessoa que é tão conhecida porque representa, mas que também pinta, que também dança, que vive ao ritmo da sua criação estética. «A vida é movimento, é sobre criar», disse a actriz francesa; é esta criação que lhe dá sentido e que a sua irmã quis retratar de perto ¿ de muito perto. E que, como Stalens frisou, expõe para quem quiser ver «o gozo pela vida que ela tem».

«O documentário permitiu mostrar a liberdade do que sou, mostrar a intimidade e a privacidade da minha cara», disse Binoche. E isto tanto se percebe nos grandes planos em que nos fala dos desenhos que estão agora expostos no Estoril como na dialéctica que, a certa altura, estabelece entre a Arte e o arranjar de uma salada. É um retrato íntimo porque mostra o que lhe é próprio. E também por isso ¿ por lhe ser próprio ¿ não há necessidade de esconderijos, já que, por esta essência, «tudo é secreto, tudo é privado».

É como a diferença entre representar e ser: «é tão curta, mas é tão grande». «Os actores são filósofos com o seu corpo. Não é só falar, não é uma escolha intelectual ¿ o corpo revela o que está lá dentro», diz quem vive na ânsia de criar e que, não obstante a dimensão que tem na manifestação cinematográfica, a vive em toda as formas: «Com a dança foi assim: não havia maneira de me esconder; só podia ir com o coração.»

O documentário de Stalens mostra-nos em última instância (ou será em primeira?) a humanidade de uma estrela de cinema a quem também a emoção chega sem qualquer guião quando além da realizadora é a irmã que retratou a «sensibilidade de uma pessoa» como se calhar mais ninguém poderia: «É um filme de amor. Foi o que obtive dela.»
Continue a ler esta notícia

Relacionados