Clooney faz manifesto político... «versão HQ nos bastidores» - TVI

Clooney faz manifesto político... «versão HQ nos bastidores»

«Nos Idos de Março» é um thriller politico em estreia nesta quinta-feira

«This is the big league» diz «Stephen» a «Molly» a dada altura. Ele refere-se à importância de não errar num campeonato daqueles porque esse erro será sempre o último e não haverá segunda oportunidade para quem o comete.

O paralelismo puxado para aqui não tem a ver com erros, pois neste filme não os há. A referência deve-se ao facto de que a ver «Nos Idos de Março», filme que estreia nesta quinta-feira em Portugal, sentimos que estamos na presença de um jogo da primeira divisão.

Tal é a qualidade dos intervenientes. E o protagonismo foi, e vai, para Ryan Gosling; ao lado de quem está um grupo que secunda esta história com actuações também de primeira. George Clooney escolheu para a sua quinta longa-metragem como realizador actores como Paul Giamatti e Philip Seymour Hoffman para acompanhá-lo no elenco.

Esta dupla interpreta também uma dupla de adversários como directores de campanha de respectivos candidatos adversários (para as eleições primárias para as presidenciais). E parecem mesmo os homens certos para os lugares certos - no que ao desempenho dos actores respeita, claro está!

A sensação que dá é que Clooney lhes terá dado o guião e lhes terá dito: agora façam como sabem. E que não se terá preocupado mais. E sai na perfeição. Ryan Gosling, pelo seu lado, «mais» não (re)confirma o que já tinha prometido em «Half Nelson» e confirmado em «Blue Valentine».

A parte de Clooney é diferente. O que pode ser tido mais em conta não é o seu desempenho. E não é só a realização, também. Este thriller político desenvolvido a um ritmo fantástico, dá uma boa ideia do que serão, ou podem ser, as campanhas presidenciais nos Estados Unidos.

Se calhar, há quem pense - e talvez com razão - que ainda serão mais do que isto. Mas uma coisa é certa: «boa» não é propriamente - para redizer - a ideia com que se fica de um processo eleitoral desta importância num país destes.

E se há uma campanha e tudo o que a envolve também há candidatos. E se há candidatos também há ideias, projectos e programas. Cada um com os seus. E o «candidato» Clooney também. Já não é a primeira vez que se tem a política como um destino seguinte de George Clooney. Com este filme, seguramente que os que isso concluem ganharão certezas.

Ou não? Também pode ser que não. O programa do «candidato» Clooney - o «governador Mike Morris» - vai mais longe (ou demonstra que quer ir) do que é visivelmente possível ir nos actuais Estados Unidos - que o diga o seu (de Clooney) verdadeiro candidato à presidência do seu país. Mas poderá isto ser um balão de ensaio para esvaziar um pouco mais tarde na ideologia quando as coisas passarem do cinema para outro plano? Ou o facto de se ir tão longe no ecrã poderá ser um sinal de invalidade para caminhos idênticos na real life?

A única certeza, nesta altura, é que, de facto «This is the big league», mesmo. E esta versão nos bastidores é «High Quality».

«Nos Idos de Março» («The Ides of March»)

George Clooney

2011, EUA, Thriller

101m

Estreia em Portugal: 10-11-2011

Continue a ler esta notícia