«Uma mensagem universal» - TVI

«Uma mensagem universal»

Os monges budistas Massimo e Olivier (Hugo Beleza)

Durante o atraso do Dalai Lama, o PDiário falou com dois monges budistas, com Carmona Rodrigues e com Frei Bento Domingues

Olivier é francês tem 38 anos, estudou Marketing e Gestão, em Paris, mas deixou o mundo das empresas há dez anos. Massimo tem 50 e há 24 abandonou um curso de economia em Itália. Diferenças à parte, disseram ter encontrado muito mais em comum: um modo de vida. São ambos monges e vivem numa comunidade budista na cidade italiana de Piza.

O hábito não fará o monge, mas identificava-os claramente entre as dezenas de repórteres que circulavam pelo amplo hall do Hotel Marriot, em Lisboa. O atraso do Dalai Lama, devido a imponderabilidades da aviação, atrasou a conferência de imprensa mais de uma hora, e permitiu ao PortugalDiário falar com ambos.

«Penso que esta é a melhor forma de encontrar a felicidade», disse Olivier, que diz ter encontrado o trilho do budismo através de um processo de «pesquisa pessoal deste tipo de vida e de filosofia». Acerca da visita do seu líder espiritual, disse que a sua principal mensagem é «amor, compaixão e não-violência». Já sobre a polémica relativamente à recusa por parte das autoridades políticas em receberem o Dalai Lama oficialmente, o monge francês fez uma leitura mais à luz da sua antiga ocupação.

«Toda a gente sabe que China é um grande mercado por isso talvez faça pressão sobre alguns países que não recebem sua santidade oficialmente porque têm medo de algum tipo de consequências comerciais com a China», explicou Olivier.



Massimo, o bem disposto antigo estudante de economia que confessa que «não estudava muito», admite que existe alguma «hipocrisia» por parte dos governos, mas diz logo em seguida: «Há também muita hipocrisia em mim e em todos nós». «Infelizmente, isso acontece, não apenas aqui, mas em quase todos os países do mundo».

Admite que os políticos têm «uma abordagem diferente» deste tipo de assuntos, mas realça que as pessoas devem assumir livremente a sua posição sobre violações de direitos humanos, como acontece na China.

Carmona diz que recusa de recepção oficial é «inaceitável»

Um pouco depois, mas não muito longe dali, o ex-presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, abordou o mesmo tema, defendendo que o Dalai Lama deveria ter sido recebido oficialmente e que a recusa do Governo não faz sentido: «Do meu ponto de vista pessoal é inaceitável, mesmo incompreensível».

«Percebo que haja certos melindres diplomáticos que não são fáceis de ultrapassar, mas acho que Portugal é uma das nações do mundo mais antigas e que há mais tempo têm sido conhecidas por ser cosmopolita e uma sociedade de abertura», disse ao PortugalDiário.

Para o autarca lisboeta, esta visita é «significativa, por tudo o que representa em defesa de valores de diálogo e abertura e de diálogo e felicitada e nível pessoal e das sociedades».

«Mensagem dele é de carácter universal»

No final da conferência de imprensa, o católico frei Bento Domingos, que esteve na primeira fila, à frente do Dalai Lama, sublinhou que a sua «mensagem é de carácter universal».

«Ele não acredita que haja um caminho para a paz, é a própria paz no interior de cada pessoa e em círculos concêntricos que é já a paz», disse, sublinhando a importância do Dalai Lama na questão política do Tibete. «Ele fez uma coisa que eu acho colossal na história dos povos, ao defender a integração na China, sob o ponto de vista político, mas com uma autonomia cultural, espiritual, religiosa e também administrativa. Ele não é ingénuo. Colocar os tibetanos a combater os chineses era o esmagamento do povo para sempre».

Frei Bento Domingues, para além do aspecto político salientou o «benefício» que a mensagem do Dala Lama pode trazer «aos intelectuais, aos homens da política, aos cidadãos, aos movimentos religiosos». «A mensagem dele é que cada um de nós deve mudar», considerou. «A sua mensagem é de carácter universal».
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