A verdade escrita 100 vezes ou um «dia pior» para a ministra - TVI

A verdade escrita 100 vezes ou um «dia pior» para a ministra

A verdade escrita 100 vezes ou um «dia pior» para a ministra

Não encontrará um professor que não queira ser avaliado. Ou então encontrará, mas é um calaceiro, porque também os há

Contava a minha avó, e às vezes apetece-me repetir, apesar de nunca ter passado por isso, que se deres um erro deves escrever correctamente a frase ou a palavra 100 vezes e que nunca mais repetirás a incorrecção. Por isso, aqui vai, a ver se funciona:

Os professores não recusam ser avaliados, querem ser avaliados. Apenas discordam deste sistema e da forma como é aplicado. [ler como se tivesse sido escrito 100 vezes].

Não vale a pena encontrar argumentos que contrariem esta verdade, porque certamente não encontrará um professor que diga o contrário. Ou então encontrará, mas é um calaceiro, um mandrião «às costas de outro alguém» (como diz Jorge Palma), porque também os há na classe docente, como em todas. E é também por isso que a esmagadora maioria quer ser avaliado.

Vamos por pontos:

- Faz algum sentido que um professor de Química seja avaliado pelo colega do lado que é professor de Educação Visual? (atenção que também estamos a falar da componente científica)

- Ou que um professor de Inglês avalie um colega de Espanhol?

- Ou que um professor doutorado seja avaliado por um recém-licenciado?

- Faz algum sentido que um professor que seja «excelente» deixe de o ser (quer dizer, continua a ser, mas não progride) porque as quotas para essa classificação já estão preenchidas?

- Faz algum sentido que um professor para ser excelente tenha de ter zero por cento de faltas?

Para além disto tudo é preciso dizer mais: Manuel Alegre não bateu no ceguinho, como alguns defensores da ministra têm tentado passar. Quem tem batido vezes sem conta no ceguinho, neste caso nos professores, é a senhora ministra da Educação; A ministra que nos últimos tempos se tem mostrado muito irritada com as perguntas das jornalistas; A ministra que em tempos dizia, com ar de vitória, que tinha perdido os professores, mas tinha ganho os alunos (os mesmos que agora a contestam?); a ministra que diz, irritadíssima, que «todas as escolas, todas», [a repetição é dela] estão a fazer a avaliação.

Quanto aos ovos em Fafe... é, de facto, um episódio lamentável, que tira toda a razão aos alunos, porque é vandalismo. Mas isso não significa, nem apaga, outros factos igualmente lamentáveis, como não ouvir 120 mil professores na rua. Como dizer que já teve dias piores. Terá sido o dia 11 de Novembro, em Fafe, um dia pior? Se o protesto dos docentes tivesse ocorrido num dia de semana e não a um sábado teria sido um dia pior? A ministra só ouve os protestos se forem mesmo maus?

Tudo isto faz-me recordar os anos de 1994 e de 1995... anos fortes de contestação de professores a uma ministra da Educação. Manuela Ferreira Leite deve lembrar-se.
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