O antigo diretor da Autoridade Tributária desmentiu o ex-secretário de Estado Paulo Núncio no caso sobre as offshores. José Azevedo Pereira garante que o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo PSD/CDS-PP tomou a decisão política de manter os dados sobre a fuga ao Fisco em segredo.
Segundo e ex-responsável do Fisco, cabia ao governante dar a ordem de publicação das estatísticas, sobre as transferências no valor de 10.000 milhões de euros.
Azevedo Pereira garantiu, em declarações ao jornal Eco, que o antigo governante recebeu as referidas estatísticas de 2010 e 2011, sobre as offshores, e respondeu com "visto" a esses dados.
Ou seja, para o ex-diretor do Fisco, apenas foi confirmada a verificação dos documentos e não foi dada ordem para a publicação.
Em declarações ao diário de notícias, esta sexta-feira, o ex-secretário de Estado tinha defendido que a Autoridade Tributária tinha autonomia para avançar e não estava dependente da sua ordem.
O jornal Público noticiou na terça-feira que quase 10.000 milhões de euros em transferências realizadas entre 2011 e 2014 para contas sediadas em paraísos fiscais não foram nesse período alvo de qualquer tratamento por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira, embora tenham sido comunicadas pelos bancos à administração fiscal, como a lei obriga.
O atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, e o seu antecessor, Paulo Núncio, vão ser ouvidos no Parlamento a 1 de março.
A audição de Paulo Núncio na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças foi marcada para as 10:00 e a de Rocha Andrade para as 12:00.