Portugal fechou o ano de 2011 com uma taxa de desemprego e o Governo já admitiu que afinal os números deste ano vão ser ainda piores - 14,5%. Ora o novo chefe da missão do FMI para Portugal, que substitui Poul Thomsen, diz que o desemprego está em níveis inaceitáveis e que se a solução para o país e entrar nos eixos for «cortes e mais cortes, não vai funcionar».
Para conseguir um ajustamento no setor privado, só há duas alternativas, segundo disse, em entrevista ao «Jornal de Negócios». E elas passam por aumentar a produtividade para níveis consistentes com os atuais salários ou então cortá-los.
«Os custos unitários de trabalho são cerca de 15% mais elevados do que deveriam ser. Mas o que se pretende não é esse ajustamento. Se a solução for só cortes e mais cortes, então não vai funcionar. A outra forma de o fazer, aquela que vai garantir crescimento sustentável, é melhorar a competitividade».
Abebe Selassie lembra também que o apoio do PS ao programa de ajustamento é crucial para Portugal ser bem sucedido.
Selassie acredita que Portugal vai regressar aos mercados em 2013, mas reconhece que não vai ser fácil. Também o primeiro-ministro parte esta quinta-feira para o Conselho Europeu com a convicção de que o país vai conseguir.
O chefe da missão do FMI diz ainda que o ajustamento decorre «mais ou menos como o previsto», mas alerta para as principais ameaças ao sucesso português: as «condições externas», que podem vir a ser piores do que o previsto, e o «ajustamento orçamental», que pode conduzir a uma contração da economia muito maior.
Numa altura em que o país se prepara para enfrentar mais uma greve geral, já no próximo dia 22 de Março, Selassie refere que «se houver muita contestação torna-se mais difícil implementar as reformas. E as reformas são a saída para esta crise».
Senhor FMI: «Cortes e mais cortes não vão funcionar»
- Redação
- VC
- 1 mar 2012, 08:06
Novo chefe da missão do Fundo para Portugal diz que desemprego está em níveis inaceitáveis
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