PT: Granadeiro assume culpa da presidência «a dois», mas dispara em todos os sentidos - TVI

PT: Granadeiro assume culpa da presidência «a dois», mas dispara em todos os sentidos

Segundo o ex-presidente da Portugal Telecom, na altura do investimento de 897 milhões de euros na Rioforte, a «gestão de tesouraria» cabia à PT Portugal, liderada por Zeinal Bava. A distribuição de culpas também atinge Morais Pires e Joaquim Goes

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Henrique Granadeiro admitiu, esta quarta-feira, na comissão de inquérito ao colapso do BES/GES, que o modelo de gestão da Portugal Telecom pode ter estado na origem dos «elevados prejuízos» causados aos acionistas da empresa, nomeadamente o investimento ruinoso na Rioforte. No entanto, também acusa os administradores comuns do GES e da PT de terem escondido informação relevante.

Segundo o ex-presidente da PT, que até começou a intervenção lembrando que a fazia «sob juramento» e baseado na sua «confissão religiosa», a comissão executiva que herdou de Zeinal Bava era idêntica à da PT Portugal.
 

«Parafraseando o dito: um país, dois sistemas. O universo PT passou a funcionar com uma comissão executiva e dois presidentes e esta originalidade poderá ter sido a causa dos equívocos e dos elevados prejuízos causados aos acionistas da PT».


De acordo com Granadeiro, o investimento de 897 milhões de euros na Rioforte que deixou a PT em problemas deu-se numa altura em que a gestão de tesouraria estava «concentrada» na PT Portugal, liderada por Bava. Ou seja, ao contrário do que o ex-presidente da Oi disse no Parlamento na semana passada, Henrique Granadeiro defende que esta aplicação estava dentro das responsabilidades de Zeinal. 
 

«Este quadro de transição e de indefinição de fronteiros foi particularmente agravado pelo facto de as duas comissões executivas [PT SGPS e PT Portugal] serem idênticas». 


Mas a distribuição de culpas não ficou por aqui. O ex-presidente da PT também assegurou que, nesta altura, não havia «qualquer indício» de problemas no GES e que seriam Amílcar Morais Pires e Joaquim Goes, administradores comuns, a estar a par deles. Pelo que, conclui, a informação foi «deliberadamente omitida».

«O CFO do BES [Morais Pires] tinha todos os conhecimentos necessários para discernir sobre esse investimento (na Rioforte) e tinha o dever reforçado de saber a informação que foi deliberadamente omitida». 

«Joaquim Goes tinha de conhecer as implicações que tal investimento tinha de ter para a PT».


Por tudo isto, Henrique Granadeiro até defende que a PT SGPS devia processar o BES/Novo Banco. No entanto, nega que os quase 900 milhões de euros aplicados na Rioforte tenham sido uma «boia» para salvar Ricardo Salgado.

Antes, enquanto recordava o seu passado na empresa, o ex-presidente da PT sublinhou, no entanto, que, ao longo do tempo, nunca foram suscitadas quaisquer dúvidas quanto às contas da empresa.
 

«Nunca os auditores, internos ou externos, emitiram quaisquer reservas, ênfases, recomendações ou reparos». 


De acordo com o ex-presidente da PT, todas as aplicações que a empresa fazia eram do conhecimento dos órgãos internos da empresa, assim como do conselho de administração e dos próprios acionistas.
 

«As operações de tesouraria não foram nem poderiam ter sido ocultadas dos órgãos internos e externos (...) e foram descritas em vários documentos. Constavam dos relatórios e contas que eram aprovados trimestralmente pelo conselho de administração e anualmente pelos acionistas».


Na sua intervenção inicial, Henrique Granadeiro destacou ainda os benefícios da «parceria estratégica» estabelecida entre a PT e o BES, que desde logo obrigou a empresa a investir no GES.

«Os históricos dos investimentos efetuados em sociedades compreendidas dentro do universo Espírito Santo começaram a ser efetuados desde logo no ano de 2001, em que, no total das disponibilidades financeiras do grupo PT, no final desse ano, 83,4% diziam respeito a investimentos efetuados naquelas sociedades».

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