Espanha: previsões agravadas, UE pede mais medidas - TVI

Espanha: previsões agravadas, UE pede mais medidas

Mariano Rajoy (foto Reuters)

Comissão Europeia antecipa ainda contração quase o triplo da estimada pelo Governo

Atualizada às 14h45 com declarações de Bruxelas

A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões macroeconómicas para Espanha em 2012 e 2013, antecipando uma contração que é quase o triplo da prevista pelo Governo, um agravamento do desemprego e um deslize maior no défice público. Por isso, são precisas mais medidas em 2014.

«É verdade que as nossas previsões relativas a 2014 se situam bastante acima dos objetivos orçamentais relativos a esse ano e foi por isso que no México, há dois dias, falei com o ministro de Guindos para que se adotem em breve medidas de consolidação orçamental tendo em vista o ano de 2014», disse esta quarta-feira o comissário europeu Olli Rehn, citado pela Lusa.

O boletim de previsões de outono de Bruxelas, divulgado hoje, aponta para um agravamento das estimativas tanto face aos cálculos e previsões do Governo como, na maioria dos indicadores, relativamente ao previsto pela própria CE no boletim da primavera.

De destacar que as previsões foram feitas já tendo em conta o programa de austeridade para este ano e o ainda mais austero Orçamento do Estado (OE) para 2013, que está atualmente em tramitação parlamentar.

Especialmente significativo, entre os dados hoje apresentados, é a previsão da contração económica em 2013, que a CE estima que deverá rondar os 1,4% do Produto Interno Bruto (valor idêntico ao de 2012) e muito acima da previsão do Governo, contida no OE para 2013, que é de um recuo de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

A CE corrige também a sua própria previsão - relativamente a maio - antecipando uma menor contração este ano (de -1,8 para -1,4% do PIB), mas uma significativamente maior recessão em 2013 (de -0,3 para -1,4% do PIB).

Más notícias também para o Governo no que toca ao défice para este ano, já que a CE antecipa que em 2012 este será de 8% do PIB (previa 6,4% em maio), ainda que melhore ligeiramente, de 6,3 para 6%, a sua previsão do défice para 2013.

Recorde-se que Bruxelas acordou com Madrid fixar os limites do défice este ano em 6,3% do PIB e em 4,5% do PIB em 2013, valores que tanto a CE como outras instituições (incluindo o Fundo Monetário Internacional) consideram que não serão cumpridos.

De referir que no mês passado o Eurostat reviu em alta, de 8,5 para 9,4% do PIB, o défice público espanhol em 2011, depois de registar ajudas à banca e de contabilizar novas faturas em atraso do Governo central, regiões autónomas e autarquias.

Esses fatores levarão, segundo a CE, a que a dívida pública espanhola atinja os 86,1% do PIB este ano e os 92,7% do PIB em 2013.

Na análise da situação espanhola, que considera que «continua um ajuste profundo», a CE prevê também um agravamento do mercado laboral, maior do que previa em maio.

Assim prevê um recuo do emprego de 4,5% este ano (previa 3,7% em maio) e de 2,7% em 2013 (previa 1,5%) com o desemprego a ultrapassar os 25,1% em 2012 (previa 21,7%) e os 26,6% no próximo ano (previa em maio 25,1%).

No que toca à inflação, Bruxelas prevê taxas de 2,5% este ano e de 2,1% em 2013, com recuos de 2,4% do PIB no balanço da conta corrente em 2012 e de 0,5% do PIB no próximo ano.

A CE considera que o ajustamento construído durante anos no país está a «travar o crescimento económico em Espanha, levado a um desemprego muito elevado», com altos níveis de dívida privada e empresarial.

O relatório defende ainda que as finanças públicas, «que sofreram uma deterioração significativa durante a crisme, têm que ser novamente encaminhadas para uma via sustentável».

Ainda assim, destaca, os planos «ambiciosos» de consolidação fiscal estão a «pesar nas previsões a curto prazo», com as correções a afetar a procura interna num contexto que só deverá começar a melhorar em 2014.

Positivo, destaca a CE, o facto das exportações estarem, em parte, a consumar a queda do consumo interno e, ao mesmo tempo, estarem a estimular crescimento.
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