Petrolíferas: «se baixarmos preços, temos prejuízo» - TVI

Petrolíferas: «se baixarmos preços, temos prejuízo»

Combustíveis

Marcas lembram que têm custos acrescidos e que prestam mais serviços. Tudo tem que se reflectir... no preço dos combustíveis

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As petrolíferas dizem que não é possível baixar o preço dos combustíveis sete ou oito cêntimos, como tem defendido o ex-presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), Abel Mateus. «Uma redução média daquela ordem de grandeza acarretaria com certeza prejuízos, tanto para as empresas distribuidoras como para os retalhistas», avisa.

Numa carta aberta ao professor, a que a Agência Financeira teve acesso, a Associação Portuguesa das Empresas Petrolíferas (Apetro) questiona a «sustentação» da análise de Abel Mateus, e lembra que a margem bruta (calculada pela diferença entre o preço médio antes de impostos e a cotação de referência do produto refinado) ronda os 12 a 14 cêntimos por litro.

«A maior parte deste valor é utilizado para cobrir os custos de armazenagem, distribuição e comercialização, incluindo as promoções e descontos, sobrando uma pequeníssima quantia para gerar o lucro que qualquer actividade tem que ter para poder sobreviver, investir e remunerar os seus accionistas».

Se não há mais terminais é porque são muito caros

A associação refuta também o argumento do antigo regulador, que defende construção de novos terminais e que a armazenagem e os oleodutos não estejam nas mãos das gasolineiras. «Não existem actualmente em Portugal quaisquer barreiras administrativas à construção e exploração de novos terminais. O recente terminal de Aveiro, que não é detido por nenhuma das nossas Associadas, é um exemplo dessa realidade», refere a Apetro.

Para as petrolíferas, «se outros ainda não foram construídos, isso dever-se-á exclusivamente à falta de investidores e de viabilidade económica de eventuais novos projectos».

Mais importadores implicaria um aumento do custo

Para além disso, frisa, «também não existem quaisquer barreiras à importação directa de combustíveis refinados».

Mais: «Se se entregasse esta actividade a uma entidade autónoma, isso implicaria mais um elo na cadeia de valor com a consequente necessidade de assegurar uma remuneração certa do negócio (¿) traduzindo-se muito provavelmente num aumento do custo final».

De qualquer modo, ressalva, esta parcela de custo, segundo dados publicados pela AdC, tem um valor total na ordem dos 2c/l, pelo que não se vislumbra de onde poderiam vir os tais benefícios.

Se portugueses querem serviços têm de pagar por eles

A Apetro pronuncia-se ainda sobre o licenciamento de novas gasolineiras. «Concordamos com a ideia de facilitar o licenciamento de novos postos de abastecimento embora não nos pareça que haja falta de postos. Contudo, isso deve ser feito de uma forma equitativa, de modo a que as mesmas regras se apliquem a todos, sem que se crie um favorecimento especial a um determinado tipo de operador em detrimento de outros, como vem acontecendo ultimamente, em clara distorção das regras de sã concorrência».

Para a Apetro, as gasolineiras das marcas de referência são prejudicadas face às de marca branca, como são conhecidas as bombas agregadas às grandes superfícies comerciais. «Muitas vezes essas empresas aproveitam terrenos de parques de estacionamento, que são mais baratos, para construir o posto de abastecimento. As empresas tradicionais não podem fazer isso. O facto de pagarem mais pelo terreno tem implicações nos custos e também tem de se reflectir nos preços», explica fonte da associação à AF.

«Porque é que não há bombas de marcas brancas nas auto-estradas? Porque os terrenos são mais caros, é preciso um conjunto de serviços agregados, área de lazer, restauração, instalações sanitárias, etc. Tudo isso contribui para a estrutura de custos. Até os salários são diferentes. Pensem nos funcionários desses postos, que todos os dias têm de se deslocar pela auto-estrada para chegar ao local de trabalho e para voltar para casa. Tem despesas acrescidas que é preciso ter em conta», sublinha, concluindo que «se as pessoas querem serviços com qualidade, têm de pagar por eles».
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