Portugal poupa mil milhões por ano com Grécia - TVI

Portugal poupa mil milhões por ano com Grécia

Extensão do prazo para reembolsar empréstimo e adiamento na cobrança dos juros do resgate aliviam dívida para com a troika

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Portugal irá beneficiar com o acordo alcançado para renegociar as condições do pagamento da dívida da Grécia, como confirmou na terça-feira o ministro das Finanças. O país poderá assim conseguir poupar à volta de mil milhões de euros por ano, durante 10 anos, graças ao alívio concedido aos gregos.

Esta estimativa está expressa esta quarta-feira nas edições do «Diário de Notícias» e do «Jornal de Notícias». O facto de Portugal passar a ter mais 15 anos para pagar o empréstimo da troika faz com que o prazo de reembolso fique em quase 30 anos. Para além disso, está previsto um adiamento de 10 anos para começar a pagar os juros sobre esse empréstimo. Alterações que terão um impacto de 983 milhões de euros.

Do fundo europeu de estabilização financeira (FEEF), o país recebe 26 mil milhões de euros, o que corresponde a um terço do total do resgate acordado com a troika. Ora, até outubro, o custo médio, englobando juros e comissões, foi de 3,2%. Com a redução de 10 pontos base aplicada à Grécia e estendida a Portugal, esse custo passará a ser de 3,1%.

Para se ter uma ideia da poupança conseguida, até aqui o reembolso de capital era de 1,8 mil milhões de euros por ano, passando agora para 866,6 milhões. Quanto aos juros, o ritmo de pagamento baixa de 57,3 milhões de euros por ano para 26,8 milhões, sendo que estes beneficiam do período de carência por 10 anos, pelo que, na prática, só serão pagos daqui a uma década. É assim que chegamos à poupança de 983 milhões de euros, quase mil milhões por ano, portanto.

Esta será a segunda vez que Portugal consegue ter melhores condições no empréstimo da troika. A primeira aconteceu em julho do ano passado, quando Atenas viu baixar os juros cobrados pelo resgate. Lisboa e Dublin também tiveram direito ao mesmo nessa altura.

Ontem, no Parlamento, Vítor Gaspar recordou o «princípio de igualdade de tratamento», «adotado da cimeira europeia de 21 Julho de 2011», para explicar que Portugal e Irlanda vão também gozar do acordo para a melhoria de condições de financiamento que Atenas viu aprovada na segunda-feira, em Bruxelas.

O Eurogrupo decidiu ainda que tanto Lisboa como Dublin não vão participar na redução das taxas de juro cobradas nos empréstimos à Grécia enquanto estiverem a receber assistência financeira.

Para Vítor Gaspar, «a evolução das taxas de juro, depois do anúncio do Eurogrupo, testemunha o interesse vital de Portugal na estabilidade sistémica da área do euro».

A oportunidade de Portugal

A ex-conselheira do FMI e do Banco Mundial, Estela Barbot, disse à TSF que, com estas alterações, «temos aqui uma folga» e há «a perceção de que se abriu a tal porta para o reajustamento da aplicação dos programas e o Governo e o ministro das Finanças em diálogo com a troika deve negociar isto».

No que toca ao peso da austeridade, Estela Barbot defende que «tudo o que seja no caminho do investimento, criação de valor e emprego serão medidas corretas. Todos os desequilíbrios que se encontrarem devem ser na tentativa de minimizar o sofrimento que já foi infligido aos portugueses».
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