Merkel «provoca» gregos com casaco do Euro2012 - TVI

Merkel «provoca» gregos com casaco do Euro2012

Chanceler repete indumentária quando a Alemanha ganhou à Grécia por 4-2 nos quartos de final do Europeu de futebol

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A chanceler alemã está de visita à capital da Grécia. Uma estadia de seis horas marcada por fortes contestações na praça de Syntgama - bandeiras com a cruz suástica, símbolo do nazismo alemão, em chamas e milhares de pessoas em protesto - e um largo reforço policial, com cerca de sete mil polícias nas ruas e atiradores nos telhados.

Talvez para lhe dar sorte, Angela Merkel chegou a Atenas com a mesma indumentária que usou quando a seleção da Alemanha venceu à Grécia no Euro2012: o mesmo casaco verde-azeitona, com um básico branco e um colar escuro a rodear o pescoço.

Esta é a primeira visita da responsável alemã à Grécia desde o início do programa de assistência da troika, há cerca de três anos. Uma visita que pretende demonstrar o seu apoio às promessas do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, de cumprir a austeridade, ao mesmo tempo que a opinião pública alemã duvida do empenho grego para corrigir os problemas orçamentais. A Alemanha é, atualmente, o país que mais contribui para consolidar as contas públicas dos países da Zona Euro.

Mensagens de apoio que não disfarçaram o look da chanceler. Rapidamente, os media gregos repararam que o casaco verde-azeitona é o mesmo que Merkel usou quando a seleção grega foi para casa derrotada, nos quartos de final, por 4-2 pela equipa alemã, a 22 de junho de 2012.

Já na altura, a relação entre futebol e a crise foi falada e explorada, com o The Guardian a afirmar, por exemplo, que os dois estão «inexplicavelmente ligados».

Nas redes sociais, os gregos consideram que foi uma «escolha diplomática errada», considerando-a mesmo «provocativa».

Nas ruas, os gregos também não poupam críticas à chanceler alemã, afirmando: «Merkel vai-te embora. A Grécia não é a tua colónia»; «Isto não é uma União Europeia, é escravatura»; «Nós não a queremos aqui», como cita a agência Reuters.

Para acalmar os protestos, a polícia já lançou gás lacrimogéneo, enquanto atiradores situados no topo dos prédios do Governo têm mira apontada para os cerca de 40 manifestantes na principal praça de Atenas.

Críticas que devem continuar, uma vez que a «chanceler sem medo», como lhe chamou o «El Mundo», não terá levado ajudas financeiras à Grécia, preferindo que o modelo de austeridade se mantenha, para que o país fique no euro. O próximo ano será, já, o sexto consecutivo que a Grécia viverá em recessão económica.

Ainda ontem o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, disse que «a Grécia está numa situação económica e financeira extremamente difícil devido aos seus próprios erros nas últimas décadas, e os que dizem aos gregos que a culpa da sua situação é do Governo alemão ou da Europa estão a mentir às pessoas».

«A chanceler não vai à Grécia para fazer novas concessões financeiras e não falará com os responsáveis gregos sobre questões relacionadas com o acordo da troika», reiterou Schauble.
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