Micro-negócios: BIS recebe 764 candidaturas para 30 vagas - TVI

Micro-negócios: BIS recebe 764 candidaturas para 30 vagas

Micro-negócios: BIS recebe 764 candidaturas para 30 vagas

Muitos dos candidatos são jovens, licenciados e desempregados querem criar o seu próprio negócio. Uma janela no dia em que se ficou a saber que o desemprego voltou a subir

Atualizado



No Banco de Inovação Social (BIS) terminou na sexta-feira a receção de candidaturas para apoio a novos empreendedores. O concurso da plataforma liderada pela Misericórdia de Lisboa excedeu as expetativas. Recebeu 764 candidaturas para 30 vagas. Aguardavam por um total de «200, 250» candidaturas apenas. Chegaram 200 só no último dia. A diretora do BIS, Maria do Carmo Marques Pinto, «não» estava à espera de uma adesão tão grande. Afinal, o banco foi criado a 30 de abril. E, como o português também gosta de deixar para a última da hora, na sexta de manhã «ainda havia muita gente a pedir informações», a juntar aos «dois mil pedidos» de esclarecimento que foram recebendo ao longo do mês.

Só na quinta, «entre as 21:00 e as 01:00, recebemos 65 candidaturas» online. «É bom que haja 600 pessoas [mais] empenhadas» em querer mudar, com essa coragem, que dizem «por que não criar o próprio negócio?». O vibrato na voz de Maria do Carmo Marques Pinto traduz a alegria com que olha para os números que lhe chegam: «Estamos muito contentes».

Quem são os novos empreendedores?

O concurso foi aberto a candidaturas para a criação de micro-negócios e negócios sociais, como o combate ao abandono escolar ou o envelhecimento ativo. Num primeiro olhar às candidaturas, Maria do Carmo Marques Pinto destaca o perfil do candidato: «Não é o público tradicional» da Misericórdia. «Há muitas pessoas, sobretudo jovens», que estão «desempregados» e são «licenciados». Candidaturas que vêm «de vários pontos do país e da Madeira» e «negócios de todo o tipo», o que «também é uma novidade», com muitas propostas de negócios online, ambiente ou agricultura, por exemplo, para além do comércio e serviços.

À frente de uma equipa multidisciplinar com a missão de apoiar os projetos aprovados (que inclui um gestor, um advogado e um economista, entre outros), Maria do Carmo Marques Pinto explica que o BIS «é mais amplo do que só empreendedorismo». O BIS é uma plataforma que agrega 25 parceiros (estão lá Montepio, AICEP, IEFP, por exemplo). Não se trata propriamente de um «banco». O que pretendem é juntar todas as entidades com papel importante no apoio à inovação e ao empreendedorismo de cariz social, que «sozinhos não iam tão longe». A «sociedade também tem que dar respostas» e esta é uma resposta «à necessidade de criar emprego», numa altura em que se sabe que a taxa de desemprego alcançou um novo máximo, de 17,8%, em abril, com o desemprego jovem a subir também para um nível recorde.

Teresa Martins é uma doce inspiração para aqueles que agora tentam a sua sorte num negócio próprio. «Convicção, muita perseverança e uma grande paixão por aquilo que vão fazer» são os conselhos que deixa aos novos empreendedores.

Teresa abriu os Bolos com Alma, uma empresa de cake design, em dezembro de 2011, após ter passado por um curso da Santa Casa da Misericórdia em parceria com o ISCTE, um projeto embrionário do BIS. Depois desse passo de gigante que foi criar o seu próprio negócio, prepara-se para abrir um ateliê para a semana, e é com a alma cheia que faz um «balanço muito positivo» deste ano e meio, em que «tem concretizado todas as metas». Até a nível financeiro.

A ex-secretária de direção estava «numa situação de desemprego» já há algum tempo, depois de um contrato que «não foi renovado» quando ficou «grávida do segundo filho». Como o «bichinho de ter o próprio negócio» estava lá, procurou os cursos da Santa Casa e hoje tem mais dois filhos: a empresa e a terceira filha, um «bebé Bolos com Alma», como lhe chama, e que tem crescido a par com o negócio da mãe.

O BIS vai acompanhar os negócios selecionados durante 20 meses e promete fazer bis em «setembro de 2014», com nova «convocatória», revela a diretora.
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