Europa sustém o fôlego à espera do leilão de dívida portuguesa - TVI

Europa sustém o fôlego à espera do leilão de dívida portuguesa

José Sócrates (José Sena Goulão/Lusa)

Dia decisivo para o futuro de Portugal: economistas dividem-se entre pessimismo e optimismo. Para uns, Portugal passará no teste. Para outros, o pedido de ajuda está para breve

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Hoje é o dia decisivo. Portugal efectua um leilão de dívida pública de longo prazo, o primeiro do ano, que é visto como a verdadeira prova de fogo aos mercados. Na Europa, todas as atenções estão centradas numa operação que pode ditar ou não o recurso para breve à ajuda internacional.

Com um montante indicativo entre os 750 e os 1.250 milhões de euros, o leilão é composto por duas linhas de Obrigações do Tesouro, a quatro e a dez anos. O maior medo é que a operação não registe procura suficiente que permita colocar o montante total, ou que a taxa de juro exigida pelos investidores seja muito elevada (acima dos 7%).

No último leilão de dívida a 10 anos, em Novembro, a taxa de juro cobrada ficou nos 6,8%. Em Setembro tinha sido de 6,24% e em Agosto, 5,312%. Já na dívida a 4 anos, a taxa ficou nos 4,041% no último leilão, em Outubro. A procura parece ter vindo a diminuir, mas continua bem acima da oferta.

Além de Portugal, outros países do euro vão esta semana ao mercado vender dívida. Esta quarta-feira será a vez da Itália e da Espanha, mas também a Alemanha emite 6 mil milhões de euros de obrigações a 5 anos.

Juros da dívida a 10 anos abaixo dos 7%

Antes da emissão, os juros das obrigações a 10 anos no mercado secundário estão abaixo dos 7%, nos 6,956%. Ontem chegaram a tocar nos 7,3%, mas recuaram depois de o primeiro-ministro ter afirmado que o défice de 2010 ficará abaixo dos 7,3% e que Portugal não vai pedir ajuda externa porque não precisa.

Na bolsa, os investidores também dão sinais de optimismo, com um ganho significativo, a rondar 1%, com a banca em forte alta.

Sinais que alguns acreditam significar que os investidores mantêm interesse na dívida nacional e que Portugal vai passar no teste.

No entanto, para outros economistas, as coisas não correrão assim tão bem e acreditam que, depois desta operação, não demorará muito tempo até que Portugal peça ajuda ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com a Reuters, o facto de o Banco Central Europeu (BCE) estar a comprar dívida portuguesa no mercado secundário não impedirá uma subida dos juros para níveis recorde, mas impedirá que subam tanto a ponto de espoletar o pedido de ajuda.

«O mercado vai acorrer por causa do que o BCE está a fazer. O BCE parece ser proactive e vimos uma descida nos yields da dívida portuguesa até agora», disse Peter Chatwell, estratega no Credit Agricole em Londres.

«A subida dos juros nos leilões aponta para preocupações com a dívida e a liquidez no longo prazo, mas não vai ser um leilão de «ou vai ou racha»», considera.

Já o analista do BNP Paribas, Ioannis Sokos não está preocupado com a procura no leilão, nem mesmo com os juros, depois da acção do BCE.

«Espero que o (montante que vai a) leilão esteja já colocado, com a procura doméstica a cobrir a oferta, mas isso não significa que as preocupações desapareçam. O próximo grande teste será a colocação sindicada e a pressão dos pares para que Portugal peça ajuda», diz.
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