Vivo: PT valorizou 2 mil milhões em bolsa desde oferta

As acções da Portugal Telecom (PT) valorizaram mais de 34 por cento desde que a Telefónica apresentou a proposta de compra da posição detida pelos portugueses na Vivo, tendo o valor de mercado da PT subido dois mil milhões de euros.

Na sessão que antecedeu o anúncio da proposta inicial de compra da posição detida pela PT na operadora móvel brasileira Vivo, há cerca de um mês, a cotação da PT estava em mínimos de quase um ano, nos 6,48 euros, mas, na terça feira, os papéis da empresa liderada por Zeinal Bava encerraram o dia nos 8,703 euros.

Esta subida, que impulsiona os títulos da PT para o valor mais elevado desde fevereiro de 2008 (um ano e cinco meses), traduziu-se num aumento da capitalização bolsista da PT de 5,8 mil milhões de euros para os actuais 7,8 mil milhões de euros, de acordo com contas da Lusa.

A Telefónica revelou que, caso os acionistas da PT aceitem a proposta - já revista em alta de 5,7 mil milhões de euros para 6,5 mil milhões de euros - que a operadora espanhola apresentou para comprar a posição detida pelos portugueses na Vivo, da operação resultarão sinergias de 2,8 milhões de euros.

Porém, Zeinal Bava já veio alertar os investidores que, em termos percentuais, a combinação das sinergias operacionais com os gastos de capital e as despesas operacionais resultantes do negócio se limitam a 23 por cento, o valor mais baixo entre os negócios do setor.

Na operação de consolidação entre a Orange Switzerland e a Sunrise, a mais recente do género (novembro de 2009), o resultado ascendeu a 151 por cento e, nos negócios realizados no ano passado pelas brasileiras TIM Brasil e Intelig e pela Oi e Brasil Telecom, a equação resultou em percentagens de 25 por cento e 40 por cento, respetivamente.

Daí que o presidente da PT tenha sublinhado que "as operações anteriores sugerem sinergias superiores" às anunciadas pela Telefónica.

Zeinal Bava avançou mesmo com um quadro que ilustra que, face às sinergias calculadas pela Telefónica, o preço oferecido pelos espanhóis pela fatia portuguesa da Brasilcel (detida em partes iguais pela PT e pela Telefónica) é de 4,4 mil milhões de euros.

Contudo, caso as sinergias resultantes da operação subam para cinco mil milhões de euros, o preço oferecido pela Telefónica cai para 2,75 mil milhões de euros.

Logo, a operadora portuguesa já ganhou em bolsa boa parte do valor que a Telefónica estará a oferecer pelo controlo acionista da Vivo, segundo os cálculos da gestão da PT.

A PT convocou uma assembleia geral de acionistas para dia 30 de junho para decidir sobre a proposta da Telefónica de compra da sua participação na brasileira Vivo, no valor de 6,5 mil milhões de euros.

A operadora portuguesa e a Telefónica detêm em 50 por cento cada uma a holding Brasilcel, que controla 60 por cento da operadora móvel brasileira Vivo.