Zona Euro: o medo da caixa de Pandora - TVI

Zona Euro: o medo da caixa de Pandora

Incerteza

Situação apenas será resolvida com «tomada de decisões a nível europeu», diz economista, que critica demora em concretizar apoio financeiro à Grécia

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O «timing» da decisão do corte de rating da dívida portuguesa merece críticas por parte de Filipe Garcia da consultora Informação de Mercados Financeiros (IMF). Se o momento escolhido pela Standard & Poor`s (S&P) é «discutível», não menos é o downgrade da Grécia, feito no mesmo dia. «Dessa forma a S&P decide que Portugal e a Grécia são casos iguais, o que não creio que seja verdade».

Mas mais: para o economista consultado pela Agência Financeira, «as agências de rating estão a tratar de forma muito conservadora países como a Espanha e o Reino Unido, provavelmente por medo de abrir uma caixa de Pandora de dimensão mais séria».

A médio prazo, na Zona Euro, a situação apenas será resolvida com a «tomada de decisões a nível europeu, que permitam corrigir alguns defeitos de arquitectura da moeda única, nomeadamente como evitar a degradação constante das contas públicas. Penso que só uma união política, com hegemonia alemã, resolverá a questão a prazo para que seja possível manter o euro».

Nesta conjuntura europeia, Filipe Garcia sublinha ainda a «demora» em «concretizar o apoio financeiro à Grécia», uma delonga que assusta tudo e todos, inclusivamente as agências de rating.

«Ora, se estamos num contexto em que se percepciona uma maior dificuldade em encontrar quem empreste aos países da Zona Euro (Grécia e Portugal à cabeça) e se os juros têm aumentado, prejudicando a sustentabilidade financeira dos países, as agências só podem fazer a sua análise e considerar aquelas dívidas mais arriscada», sublinha, garantindo por fim que «só a Alemanha e o Eurogrupo poderão resolver o problema».

«Grécia e Portugal pouco podem fazer além de palavras de circunstância. Os responsáveis europeus precisam agora de tirar um coelho da cartola».



Para já, e perante este cenário desfavorável nos mercados, Filipe Garcia sublinha que «neste momento são as dinâmicas de mercado que comandam». E recorda que, quando se fala da credibilização das contas públicas, esse é um trabalho de anos, de décadas, não é um trabalho de dias».

Mesmo assim, o economista deixa um conselho a Portugal: «Deverá encontrar meios alternativos de financiamento através de facilidades de crédito bilaterais, não vá o diabo tecê-las...»
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