O presidente não executivo da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, disse esta terça-feira no tribunal que a acusação de falsificação de contas para enganar o mercado feita pela CMVM contra o fundador do BCP não se coaduna com o percurso do gestor.
«À luz daquilo que eu presenciei ao longo dos anos que trabalhei com ele, [as acusações] são totalmente incompatíveis», afirmou Granadeiro, depois de ter sido questionado por Magalhães e Silva, advogado de Jardim Gonçalves sobre a sua opinião acerca das acusações que constam no processo que foi movido pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) contra nove antigos gestores do BCP, entre os quais o fundador.
Granadeiro foi presidente do conselho fiscal das seguradoras do grupo BCP no final da década de 90, pelo que se cruzou «inúmeras vezes» com Jardim Gonçalves em termos profissionais.
«Conheci o Eng.º Jardim Gonçalves numa viagem a Espanha promovida pelo então Presidente da República, Ramalho Eanes, a Madrid», revelou Granadeiro, explicando que o objetivo era juntar um conjunto de portugueses que se tinham exilado em Espanha por causa da ditadura salazarista.
«Era já na altura um ativo do país e a convicção existente entre todos é que valia a pena fazê-lo regressar ao país», afirmou na sessão de julgamento, em que participou a título de testemunha abonatória.
Quando Magalhães e Silva o convidou a comentar as acusações que recaem sobre Jardim Gonçalves, Granadeiro frisou: «Não queria confundir o cunho afetivo com situações que desconheço».
E elogiou «a liderança de um projeto dos mais emblemáticos da banca portuguesa, que nasceu do nada e se tornou no maior banco privado» do país. «É uma pessoa importante para Portugal», reforçou.
«Nunca o vi como uma pessoa acomoda1da. É um homem muito vigilante e atento, e um presidente muito ativo», prosseguiu Granadeiro, explicando que Jardim Gonçalves teve sucesso no setor financeiro, que é «o lubrificante da atividade económica».
Por isso, salientou que «a história do BCP teve muito impacto no desenvolvimento do país» e que a instituição financeira «afirmou-se como uma empresa que se projetava no longo prazo».
Granadeiro acrescentou que «nos seguros, o BCP teve vários sócios internacionais, ingleses, holandeses, alemães e franceses» e que «Jardim Gonçalves desfrutava de enorme prestígio junto dessas instituições».
O responsável foi ouvido pela juíza que conduz o caso no 2.º Juízo da 2.ª Secção de Pequena Instância Criminal, no Campus da Justiça (Parque das Nações), em Lisboa, numa sessão que também contou com o testemunho de João Salgueiro, antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB). Esta foi mais uma sessão do julgamento do recurso das condenações individuais aplicadas pela CMVM a vários gestores do banco.
Neste processo, a entidade de supervisão acusa nove membros da anterior gestão do banco de terem prestado informação falsa ao mercado entre 2002 e 2007.
Em consequência dessa acusação, a CMVM aplicou coimas aos nove ex-administradores e decretou a inibição da atividade bancária a oito deles pelo máximo de cinco anos, mas os visados recorreram da decisão.
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Acusações «incompatíveis com trabalho» de Jardim Gonçalves
- Redação
- 13 mar 2012, 16:16
![Portugal Telecom](https://img.iol.pt/image/id/13439937/1024.jpg)
Granadeiro e Salgueiro foram ouvidos esta terça-feira em tribunal no caso BCP
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