Águas de Portugal pronta para ser privatizada - TVI

Águas de Portugal pronta para ser privatizada

Águas de Portugal

Grupo vale cerca de mil milhões de euros

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O grupo Águas de Portugal (AdP) está em condições de ser privatizado. «Não vejo que não seja possível dar esses passos», disse à Lusa o presidente demissionário da AdP.

A AdP pode valer «cerca de mil milhões de euros», mas «a solução de privatização pode passar por outras alternativas que não seja a venda em bloco do grupo», sublinhou Pedro Serra.

«De acordo com uma estimativa que fizemos há uns anos, o grupo vale cerca de mil milhões de euros. Mas a solução de privatização pode passar por outras alternativas que não seja apenas a venda em bloco do grupo, em cujo caso, não haveria em Portugal nenhuma empresa, nenhum empresário, em condições de comprar».

Pedro Serra fez votos de que o Governo esteja a «reflectir sobre o assunto». «Daquilo que vier a ser decidido poderá resultar que o grupo seja comprado por uma empresa estrangeira ou passe a ter parceiros estrangeiros e nacionais no seu capital ou até eventualmente possa assumir-se como concedente, entregando em concessão aos operadores privados as actividades de gestão e exploração dos sistemas multimunicipais».

A ministra da tutela, Assunção Cristas, disse na semana passada, numa audição na Comissão Parlamentar do Ambiente e Ordenamento do Território que o Governo conta «ter o modelo todo reestruturado no final de 2012». «A Águas de Portugal é para privatizar e a reflexão passa por perceber qual será o modelo mais adequado à situação completa que encontramos, num grupo com 42 empresas».

A operação de privatização deve ser concluída até ao fim de 2012, de acordo com o relatório preliminar da primeira avaliação do programa de ajuda financeira a Portugal.

Os desafios que se colocam à privatização da AdP, dependendo do modelo que vier a ser adoptado, prendem-se com a acumulação de dívidas por parte das autarquias e com a sustentabilidade das empresas de águas do interior do país.

Pedro Serra sublinhou que «o grupo apresenta resultados positivos importantes desde há três anos» e, por esta via, o gestor não vê que não seja possível «dar o passo» da privatização.

«Subsistem, no entanto, algumas dificuldades». «Entre elas, a de cobrar das autarquias locais os montantes que são devidos pelos serviços que as empresas prestam e, num conjunto limitado de empresas [de águas do interior], há um problema de sustentabilidade».

«Não estão a recuperar todos os seus custos, e portanto estão a acumular prejuízos, que obviamente é uma questão que terá que ser resolvida precedendo qualquer passo no sentido da privatização».

O presidente do grupo AdP apresentou na segunda-feira à tutela a renúncia ao cargo, decisão que foi acompanhada por renúncias de dois outros administradores, António Branco e Justino Carlos. A renúncia foi justificada por Pedro Serra à Lusa pela necessidade de da administração pôr termo a «um conjunto de razões que justificam alguma intranquilidade no grupo», nomeadamente a «modalidade» de privatização que o Governo pretende adoptar.

As dívidas das autarquias à empresa ascendem a 400 milhões de euros e colocam um desafio à privatização da empresa, segundo o mesmo responsável.

A dívida do grupo é de 3,2 mil milhões, o que pode causar também alguma apreensão entre os potenciais interessados na privatização. «Não tem nada a ver com problemas de financiamento de custos operacionais. Tem a ver com a realização de investimentos de 7 mil milhões de euros, para cumprir com obrigações do Estado português no quadro das diretivas comunitárias aplicáveis».

«Era uma situação absolutamente incontornável. Não era possível ter sido feita de outra forma, a menos que o Estado mobilizasse através do respetivo orçamento montantes desta ordem de grandeza para financiar esses investimentos, o que não era desejável, não era razoável». «Qualquer empresa com o perfil da AdP, que nos últimos 15 anos tenha tido que realizar investimentos desta dimensão, teria que estar endividada como o grupo está».
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