«Não podemos morrer na praia». Foi assim que o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Faria de Oliveira, começou por responder quando questionado sobre a possibilidade de Portugal regressar aos mercados de dívida de longo prazo em 2013, como prevê o programa da troika.
«Não podemos morrer na praia. A percepção do exterior melhorou, o BEI alterou a sua política, os mercados começaram a melhorar a sua percepção sobre o nosso país. Se, neste momento, criarmos um problema interno sem resolver o problema da dívida, isso seria verdadeiramente uma estupidez», disse Faria de Oliveira, durante a conferência sobre O Estado e a Competitividade da Economia Portuguesa, a decorrer em Lisboa.
«É necessário continuar a haver uma forte componente de coesão social e acordo dos partidos do eixo do poder», continuou o ex-presidente da CGD, acrescentando: «E com os sindicatos, melhor».
Uma harmonia que deve existir, logo à partida, dentro do Governo, considera o presidente do BPI.
«A classe dirigente está a deixar-se bloquear», disse, no mesmo encontro, Fernando Ulrich. E deu como exemplo as contradições entre o discurso do ministro das finanças sobre a austeridade - apontando as decisões do executivo como inevitáveis e sem alternativa - e o discurso do ministro dos negócios estrangeiros que, segundo Ulrich, «deixa passar a ideia de que há alternativa» aos sacrifícios.
O banqueiro defende que o Estado deve promover «uma visão de longo prazo» para o país. «Isto é o mínimo dos mínimos que devíamos estar a discutir», disse, comentando, assim a proposta orçamental para 2013. Uma «visão para o futuro» pede também João Salgueiro, ex-presidente da APB.
Faria de Oliveira sublinhou ainda que a recessão atual da economia «é normal» - «Toda a gente sabe que no início de austeridade há sempre recessão» - e citou Francisco Van Zeller, orador que antecedeu este painel de debate, defendendo um maior peso das exportações para a economia nacional.
«As exportações representam apenas 30% do PIB, como disse Van Zeller [...) A nossa estratégia devia ser diferente, com esse peso a presentar mais de 50% do PIB».
O antigo presidente da CIP considera, por sua vez, que «é triste, mas Portugal exporta muito pouco».
Francisco Van Zeller defendeu, ainda, a compra de produtos nacionais, um método para defender o emprego, a produtividade e a competitividade das empresas, mesmo que o produto estrangeiro seja «dez cêntimos mais baixo» do que o português.
No mesmo encontro, os banqueiros garantiram facilitar o acesso ao crédito, ao passo que João Salgueiro defendeu apenas uma alternativa ao atual programa do Governo.
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Banqueiros apelam a coesão social e política
- Ana Rita Leça
- 16 out 2012, 16:12
Faria de Oliveira acredita que só assim chegaremos aos mercados em 2013. Já Fernando Ulrich diz que classe dirigente está «a deixar-se bloquear»
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