Brisa: portagens das ex-SCUT ajudaram muito na receita - TVI

Brisa: portagens das ex-SCUT ajudaram muito na receita

Brisa

Tendência de 2010 prolongou-se nos primeiros meses deste ano

O presidente da Brisa, Vasco de Mello, admitiu esta sexta-feira que a introdução de portagens em várias das antigas SCUT «teve um forte impacto» na recuperação das receitas relacionadas com o tráfego nas auto-estradas concessionadas pela Brisa, escreve a Lusa.

«O ano passado foi muito difícil, mas as metas operacionais foram atingidas, havendo uma evolução lateral das receitas», assinalou Vasco de Mello, explicando que «houve uma recuperação de tráfego no quarto trimestre do ano» e que a mesma está relacionada com a introdução de portagens nas antigas SCUTS, que teve «forte impacto».

O presidente da Brisa, que falava em conferência telefónica sobre as contas de 2010, avançou que esta tendência de recuperação de tráfego se estendeu para os dois primeiros meses de 2011.

Ainda sobre as contas de 2010, Vasco de Mello realçou que «os serviços de assistência permitiram a estabilidade das receitas [devido à quebra do tráfego em termos anuais]».

O resultado líquido da Brisa atingiu os 778,5 milhões de euros no ano passado, mais que quintuplicando o lucro de 149,8 milhões de euros obtido em 2009, devido à venda da participação que detinha na brasileira CCR.

«O forte crescimento dos resultados teve por base a alienação da participação na CCR, o que representou um encaixe financeiro bruto de 1.318,2 milhões de euros. Sem esta operação extraordinária, bem como provisões extraordinárias relativas a outros activos, o resultado líquido registaria um valor similar ao de 2009», salientou o presidente da Brisa, Vasco de Mello.

Brisa conta receber compensação do Estado

O responsável adiantou ainda que a Brisa constituiu provisões acima de 200 milhões de euros no ano passado para as suas concessionárias Douro Litoral e Brisal, esperando conseguir fechar até Dezembro as negociações relativas a compensações que considera ter direito a receber do Governo.

«Esperamos recuperar inteiramente as provisões que fizemos. Estamos confiantes que vamos recuperar estes montantes. Até ao final do ano, contamos que esteja tudo resolvido», avançou.

Para a Brisal foram feitas provisões de 112 milhões de euros, enquanto que na Douro Litoral o montante ascendeu a 97,4 milhões de euros, num «acto de prudência», revelou aos jornalistas o administrador financeiro da concessionária, João Azevedo Coutinho.

«Vamos dialogar com o Governo para reequilibrar [as compensações relativas àquelas duas concessões]», explicou o responsável. «Esperamos ser compensados por estas duas situações».

Emissão de dívida quando condições melhorarem

O administrador financeiro revelou ainda que a empresa está pronta para emitir dívida «a qualquer momento», mas que aguardará pelo fim da instabilidade que se vive no mercado da dívida.

«Não temos necessidade imediata, mas a BCR [empresa criada pela Brisa que 'herdou' toda a dívida da empresa] está em condições de emitir em qualquer momento. Não o fizemos ainda apenas porque as condições do mercado (incluindo do mercado de dívida soberana) não estão normalizadas», avançou.

O gestor especificou que poderão ser emitidas eurobonds num intervalo entre os 300 milhões de euros e os 500 milhões de euros, sendo que a BCR, empresa que resultou do processo de reorganização da Brisa e para a qual foi transferida toda a dívida da concessionária, tem possibilidade de emitir até 3 mil milhões de euros.

«O objectivo é transformar dívida de curto prazo em médio e longo prazo», salientou Azevedo Coutinho.
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