É preciso responder ao desafio do endividamento simultâneo ao longo desta década. Sobretudo os países tradicionalmente mais desenvolvidos, Portugal incluído, porque o endividamento constitui «uma armadilha de sufoco» para a criação de riqueza. O aviso é do economista Ernâni Lopes.
«A economia da dívida em que a União Europeia, Japão e os Estados Unidos vivem, assim como Portugal, gerou uma armadilha de sufoco em que estes países se colocaram, a partir de 2007 e 2008 com o eclodir da crise, que vai ter implicações profundas na estruturação do poder e na criação de riqueza à escala global», afirmou o antigo ministro das Finanças e responsável da Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco (Saer), citado pela agência Lusa.
«Europa pode voltar a entrar em recessão»
Daí que é preciso responder rápido e bem aos desafios económicos que se avizinham. Ernâni Lopes considera imprescindível uma resposta política eficaz à nova economia da dívida para que os países desenvolvidos sobrevivam à crise. Esta resposta não pode ser feita em termos «meramente repetitivos, através do uso de instrumentos tradicionais da segunda metade do século XX».
O economista lembrou que o modelo social europeu também poderá transformar-se e vê como certa a adopção de regimes de regulação «mais duros» para as actividades financeiras. A União Europeia terá de assumir um papel de «interlocutor credível» no quadro económico-financeiro global.
«Esta é a questão nuclear ao longo dos próximos anos». Mas a forma como a crise global está a ser enfrentada, por agora, caminha para uma «não solução».
Ernâni Lopes falava durante a apresentação do relatório trimestral da Saer, referente a Junho. Este documento revela que a Europa poderá voltar a entrar em recessão, «em especial se for detonada por uma grave crise cambial».
Crise: endividamento é «armadilha de sufoco»
- Redação
- VC
- 14 jul 2010, 16:24
Ex-ministro das Finanças, Ernâni Lopes, diz que economia da dívida tem «implicações profundas na estruturação do poder e na criação de riqueza à escala global»
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