Jorge Coelho: suspensão das reformas «não ajuda à competitividade» - TVI

Jorge Coelho: suspensão das reformas «não ajuda à competitividade»

Jorge Coelho

Presidente da Mota-Engil diz ainda que está em curso um plano de redução de efetivos na construtora

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A decisão do Governo de suspender a possibilidade dos trabalhadores acederem à reforma antecipada «não ajuda à competitividade das empresas». Quem o diz é o presidente executivo da Mota-Engil, Jorge Coelho, que, em entrevista à Lusa, explicou que esta medida dificulta os planos de reestruturação das empresas.

A suspensão das reformas antecipadas «não ajuda à competitividade das empresas, como é óbvio, mas quem governa um país tem de pensar nos vários fatores e, com certeza que quando tomaram a decisão devem ter pensado também nesse fator», disse Jorge Coelho.

O presidente executivo da maior construtura portuguesa explicou que a decisão do Governo de suspender a possibilidade de aceder à reforma antes dos 65 anos (com exceção feita aos reformados de longa duração) «não ajuda nada os planos de reestruturação que as empresas têm em curso e que eram uma ajuda para poderem ir aguentando tanto quanto possível».

Jorge Coelho considera que há «responsabilidades globais» de todos aqueles que exerceram funções governativas nestes últimos 30 anos em Portugal pela situação económica a que o país chegou.

«Nestes 30 anos ninguém que governou o país se pode por fora disto». «Não houve governo nenhum que tivesse problemas em ter défices maiores do que o que deveria ter tido».

Hoje «temos um problema e temos a obrigação de criar condições para resolvê-lo bem para que o país e os portugueses possam voltar a ter uma vida com dignidade e com esperança no futuro».

«Como é que vai ser o futuro?» é, na sua opinião, a principal questão por resolver. «Todos os dias as pessoas recebem notícias de coisas que estavam asseguradas nas suas vidas e que deixaram de estar».

Quando interrogado sobre se o Governo está a aplicar corretamente o memorando assinado com a troika, Jorge Coelho respondeu: «Para mim, como presidente desta empresa e como cidadão, a questão da consolidação orçamental é fundamental. Uma empresa necessita que o sistema financeiro esteja a funcionar bem e, para isso, a consolidação orçamental tem que ser uma realidade, o sistema fiscal deve ser claro e transparente e temos que saber o que vai acontecer daqui a um ano dois ou três».

Mas, lembra, « até o FMI diz que não é possível haver só consolidação orçamental. Tem que haver consolidação orçamental e desenvolvimento económico, porque senão não há país nem economia que se consiga aguentar».

Aqui aponta o dedo à Europa pela falta de solidariedade.« Se há condições para que (...) exista apoio a um programa de consolidação orçamental a um país como Portugal, do meu ponto de vista, a Europa que eu defendo devia também ter condições para apoiar países nestas circunstâncias naquilo que tem a ver com o Estado social, porque senão pode haver aqui problemas sociais complexos que põem em causa a vida das pessoas, das empresas e dos governos».

No que respeita à Mota-Engil, Jorge Coelho disse que a empresa tem em curso um plano de redução de efetivos, salientando que na empresa que dirige a «gestão de recursos humanos é permanente» e que «a mobilidade internacional permite ir gerindo» os trabalhadores.

O presidente executivo da Mota-Engil escusou-se a apontar uma estimativa para a redução de efetivos na empresa, mas sublinhou o facto de «não estar previsto qualquer despedimento coletivo» em Portugal. Certo é que a construtora vai manter o pagamento de prémios.

«A minha maior preocupação, enquanto presidente deste grupo, é o emprego aqui em Portugal. Faremos tudo para que não haja consequências complexas».

A deslocalização geográfica de alguns dos quadros da Mota-Engil ajuda a empresa a manter esse objetivo. Ainda agora a empresa está a enviar colaboradores para o Peru.
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