O avanço do multimilionário mexicano Carlos Slim no mercado brasileiro de telefonia está por trás da oferta da Telefónica à Portugal Telecom (PT) pelo controlo da operadora Vivo. Esta é, pelo menos, a opinião de alguns analistas do sector contactados pela Lusa.
Carlos Slim e Telefónica são grandes competidores no mercado latino-americano de telefonia, com os dois grupos a controlar diversos activos, nomeadamente no Brasil, México, Colômbia, Argentina e Peru.
PT nega ter apresentado contraproposta à Telefónica
«Preço a pagar pela Vivo não é questão»
A Telefónica anunciou no dia 11 de Maio uma oferta de 5,7 mil milhões de euros pela participação da Portugal Telecom na maior operadora móvel do Brasil, a Vivo. A administração da PT recusou unanimemente a proposta - no que já foi apoiada pelo fundo Brandes, terceiro maior accionista da PT - alegando que a sua venda seria um duro golpe na estratégia da empresa portuguesa, que passa por um crescimento e maior presença no Brasil.
No Brasil, Carlos Slim, por meio da Telmex, controla a operadora de telefonia fixa Embratel e é sócio das Organizações Globo na Net, empresa de TV a cabo líder do mercado local.
Slim, considerado o homem mais rico do mundo, detém também, por meio da América Móvil, a operadora Claro, segunda maior do Brasil, atrás apenas da Vivo, com 25 por cento do mercado.
Telmex e América Móvil estão em processo de fusão, o que representará a criação de uma megaempresa no Brasil com facturação de 24 mil milhões de reais (10,6 mil milhões de euros) e actuação em telefonia fixa, móvel, Internet e TV por cabo.
«Queremos uma PT grande, uma PT com escala»
A Telefónica, por seu turno, actua apenas no Estado de São Paulo, por meio da empresa de telefonia fixa, a Telesp, e da TVA, operadora de TV a Cabo em parceria com o grupo brasileiro Abril.
Telefónica em desvantagem face a Carlos Slim
A integração total da Telesp e TVA com a Vivo, operadora com actuação em todo território brasileiro, com 54,5 milhões de utilizadores, esbarra no controlo compartilhado entre Telefónica e PT.
Na corrida pelo mercado brasileiro, a Telefónica está em desvantagem em relação a Slim na integração de activos, com ganhos de sinergia e fidelização de utilizadores por meio da venda de pacotes «triple Play» (Internet, TV e telefonia).
Belmiro: «Golden share existe para não ser usada»
«Slim e a Telefónica são dois grandes e importantes competidores cujos movimentos devem forçar alguma consolidação futura no Brasil», disse à Lusa o especialista do sector Sílvio Paixão.
O especialista salientou que o mercado brasileiro de telefonia é um dos que mais cresce actualmente no mundo, com o aumento do poder de compra da população, resultado do bom desempenho da economia do gigante sul-americano.
«Essa parcela da população brasileira que ascendeu socialmente, nos últimos anos, é grande consumidora de telefonia, usa o telemóvel como uma peça de seu vestuário», disse.
«Dentro de uma estratégia corporativa, poder unificar operações de telefonia fixa e móvel, no Brasil, representa fidelizar esses utilizadores e ter um mercado cativo por muitos anos», afirmou Sílvio Paixão.
PT: o «segredo» por detrás da oferta da Telefónica
- Redação
- RL
- 29 mai 2010, 11:41
Maior rival da operadora brasileira é Carlos Slim, o mexicano mais rico do mundo
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