«O governo grego pediu a extensão dos empréstimos, quer a faculdade de poder usar o dinheiro, mas não quer corresponder-se com o quadro de obrigações em que esse dinheiro deve ser atribuído. E isso não é aceitável».
O primeiro-ministro sublinhou, no entanto, que ainda não conhece os termos exatos da proposta grega que será hoje revelada ao Eurogrupo.
«Ainda não tenho conhecimento do que o governo grego pretende renegociar, mas, do que tem sido tornado público, parece que está interessado em que lhe deem condições de não perder o dinheiro ou financiamento, mas não quer vincular-se a nenhum quadro de responsabilidades».
Passos Coelho respondia à bloquista Catarina Martins, que questionou se o Governo português irá esta sexta-feira «aceitar a possibilidade de um país ter uma alternativa à austeridade ou vai estar do lado de quem quer impô-la como política única», e lembrou que já vários governos consideraram a proposta grega «aceitável».
«A posição de Portugal é a mesma de todos os países no Eurogrupo. É importante ir ao encontro das pretensões do governo grego, que trazem a necessidade de construir um novo quadro de ajuda externa à Grécia, e isso tem de ser feito e discutido no âmbito do programa que está em curso», justificou o primeiro-ministro, sublinhando que «não há divergência» entre a posição do Governo português e os restantes países da zona euro, sendo antes «uma questão de regras».
«Devemos esperar que aqueles que querem renegociar o programa o possam fazer dentro do quadro de responsabilidades que contraíram (…) O que dizem é venha daí o dinheiro e daqui a 4 ou 6 meses vamos discutir as condições em que podemos ou não solver essas responsabilidades. Isso não tem sido considerado aceitável por todos os países dentro do Eurogrupo e eu não considero aceitável».
Os ministros das Finanças da zona euro fazem esta sexta-feira mais uma tentativa de acordo sobre a ajuda à Grécia. O governo grego considera que vai ser possível chegar a uma solução «que beneficie as duas partes».
A porta-voz de Angela Merkel disse esta sexta-feira que a proposta de extensão apresentada pelo governo grego é um «bom sinal», mas não ainda o suficiente .
Durante o debate quinzenal desta sexta-feira, o primeiro-ministro garantiu que a dignidade dos portugueses «nunca esteve em causa» durante o programa de ajustamento, ao contrário do que disse o presidente da Comissão Europeia.
Passos Coelho ouviu ainda o PS afirmar que a ministra das Finanças foi «instrumentalizada» pela Alemanha e até parece uma «porta-voz» do homólogo alemão.