Recorde-se que, com a medida de resolução, imposta no dia 3 de agosto de 2014, essa garantia perdeu-se, elevando substancialmente a injeção de capital no Novo Banco.
Numa visita a Luanda, a 22 de julho, e depois de se ter reunido com o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, Portas comentou o assunto, afirmando que «os reguladores de Angola e de Portugal» estavam a trabalhar «conjuntamente», mas que seria «discreto» na matéria.
«Eu não fui a Angola tratar do BES. Fui à inauguração da Feira Internacional de Luanda, como faço todos os anos desde 2011. A minha visita estava prevista há muitos meses e estranho seria se a desmarcasse».
Segundo o governante, que pede «sempre» para ser recebido pelo presidente de Angola, nessa reunião foram discutidos «inúmeros temas da atividade bilateral dos dois países».
«Tive o cuidado de acertar com o senhor governador [do Banco de Portugal] o que dizer se houvesse questões públicas, dos jornalistas, sobre o BESA, e disse a verdade: serei discreto e sei que as autoridades regulatórias dos dois países estão a trabalhar em soluções que sejam estabilizadoras».
Questionado pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua sobre o que falou, então, com José Eduardo dos Santos, sobre o BES e o BESA, Portas assegurou que não foi «nada de essencial» para esta comissão de inquérito e sublinhou que uma conversa com o presidente angolano merece «reserva».
«Esta conversa aconteceu vários dias antes dos resultados do BES terem sido divulgados, da perda do estatuto de contraparte e da medida de resolução. Tudo o que tornou a questão mais sensível aconteceu depois. Nem eu nem o presidente de Angola somos dotados de presciência».
Ao contrário de outros governantes, como o Presidente da República ou a ministra das Finanças, Paulo Portas garante que teve então o cuidado de não fazer declarações sobre o banco.
«Não me ouviu fazer comentários sobre a situação do BES, por ter a noção da dimensão dos efeitos que poderia ter».