Nestas previsões, Bruxelas acredita ainda que Portugal terá um défice de 3% este ano.
Nas previsões económicas de outono, divulgadas hoje, Bruxelas revê em alta a perspetiva de crescimento económico para Portugal: na primavera o executivo comunitário apresentava uma estimativa de um crescimento igual à do Governo (de 1,6%), mas agora é ligeiramente mais otimista, antevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) aumente 1,7% este ano.
No entanto, a Comissão Europeia admite riscos que podem levar a revisões em baixa do cenário macroeconómico no curto prazo: “Um período prolongado de incerteza política pode enfraquecer o clima de negócios e a confiança do consumidor”, alerta.
Nesse sentido, Bruxelas revê ligeiramente em baixa a previsão de crescimento económico para o próximo ano, também em 0,1 pontos percentuais. Na primavera antecipava um aumento do PIB de 1,8% em 2016, agora estima um crescimento de 1,7%, sendo que apenas em 2017 prevê um crescimento económico de 1,8%.
Além da incerteza política, o executivo comunitário destaca também como riscos ao cenário macroeconómico a “ineficiente implementação de políticas que reduzam o fardo da dívida do setor privado” e refere que indicadores de curto prazo apontam para uma desaceleração do crescimento económico.
Bruxelas aponta ainda que a procura privada continuou a ser o principal contributo para o crescimento económico este ano e que o “forte crescimento” das exportações foi anulado por um “crescimento ainda mais forte das importações”, tendo assim um contributo negativo para o PIB.
“O elevado conteúdo importado nas exportações portuguesas está a complicar o ajustamento externo da economia, particularmente num contexto de uma procura interna vibrante”.
Ainda assim, o excedente das contas externas deve “aumentar ligeiramente para perto de 0,5% do PIB em 2015 e 2016, devido principalmente às condições do mercado” e descer para 0,3% em 2017, escreve o executivo comunitário nas previsões de outono.
Já no que diz respeito à inflação, a Comissão estima que, até setembro, o efeito do baixo preço do petróleo tenha sido “compensado largamente” pela depreciação do euro e pelo impacto da introdução dos impostos da fiscalidade verde.
Assim, Bruxelas estima que a inflação suba para 0,5% (uma revisão em alta em 0,3 pontos percentuais) em 2015, aumentando gradualmente até 1,3% em 2017.
Taxa de desemprego também foi revista
A Comissão Europeia reviu também em baixa a previsão da taxa de desemprego para 12,6% este ano, estando mais otimista do que o Governo, mas admite que a criação de emprego estabilize a partir do segundo semestre.
Nas previsões económicas de outono divulgadas hoje, Bruxelas revê em baixa a estimativa da taxa de desemprego em 0,8 pontos percentuais: na primavera, o executivo comunitário antevia uma taxa de desemprego de 13,4%, agora prevê que caia para os 12,6% em 2015.
Em abril, quando divulgou o seu mais recente cenário macroeconómico, o Governo antecipava uma taxa de desemprego de 13,2% no final deste ano, de 12,7% em 2016 e de 12,1% em 2017. Assim, a Comissão Europeia está mais otimista do que o Governo, mas admite que o ritmo de redução estabilize a partir do segundo semestre.
“A criação de emprego ganhou força na primeira metade do ano quando o emprego cresceu 1,3% (face ao período homólogo). Com a força de trabalho a encolher 0,7% no mesmo período devido a desenvolvimentos demográficos negativos, a taxa de desemprego caiu para 13%. No entanto, espera-se que o crescimento do emprego desacelere na segunda metade do ano e, consequentemente, que estabilize a taxas anuais de 0,7% em 2017”.
Assim, estima Bruxelas, a taxa de desemprego em Portugal deve descer gradualmente para 11,7% em 2016 e 10,8% em 2017, previsões mais otimistas do que as da primavera, quando a Comissão previa que no próximo ano a taxa de desemprego descesse para 12,6%.
A Comissão Europeia prevê que as maiores quedas das taxas de desemprego este ano aconteçam em países que “implementaram reformas no mercado de trabalho, como Portugal e Espanha”, enquanto países onde a taxa de desemprego já é baixa, como a Alemanha, não devem demonstrar grandes oscilações neste indicador.
Em 2016 e 2017, a taxa de desemprego “deve convergir” na União Europeia, uma vez que “as reduções mais significativas ocorrem também nos países com as taxas mais altas (como Espanha, Portugal e Chipre) e o desemprego deve diminuir menos rapidamente ou até aumentar nos Estados-membros onde as taxas de desemprego já são baixas”.
Na quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que a taxa de desemprego em Portugal manteve-se nos 11,9% no terceiro trimestre face ao trimestre anterior, mas caiu 1,2 pontos percentuais em termos homólogos.