Juncker: Zona Euro está «à beira» da recessão - TVI

Juncker: Zona Euro está «à beira» da recessão

Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo

Presidente do Eurogrupo apela a políticas que estejam mesmo direccionadas para o crescimento

Relacionados
Recessão é a palavra mais temida na Europa, mas já é um cenário equacionado bem a sério por quem manda no Velho Continente. O presidente do Eurogrupo, por exemplo, admite que a Zona Euro está a um passo da recessão e apela, por isso, a uma «verdadeira política de crescimento» económico.

«Na Zona Euro estamos à beira da recessão técnica», frisou Jean-Claude Juncker, ainda na quarta-feira, segundo a agência AFP, numa conferência de imprensa, no Luxemburgo.

A recessão técnica é definida pelos economistas como a contracção do produto interno bruto durante um mínimo dois trimestres consecutivos.

Ainda ontem o Banco Mundial cortou as previsões de crescimento para a economia global e antecipa uma recessão de 0,3% na Zona Euro em 2012.

«Devemos consolidar as nossas finanças públicas, mas é necessário chamar a atenção para a necessidade de dotar a Europa de uma verdadeira política de crescimento», sustentou Juncker aos jornalistas, citado pela Lusa, após uma reunião com o primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo.

O presidente do Eurogrupo relativizou a degradação dos ratings de vários países europeus, incluindo Portugal, e do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) pela agência de notação norte-americana Standard and Poor¿s, ao vincar que o fundo «não terá dificuldades para se financiar no mercado» e, assim, emprestar dinheiro, em condições vantajosas, aos Estados-Membros que dele necessitem.

O 5º ano da crise

A crise das dívidas soberanas na Zona Euro vai minar a confiança na moeda única. Disso não tem dúvidas a agência de notação chinesa Dagong, que deixa este alerta e a previsão de que a crise financeira mundial iniciada no Outono de 2008 se agrave.

«2012 será o quinto ano da crise financeira mundial. Mas em vez de uma atenuação progressiva, prevemos que esta se acentue, o que significa que uma crise monetária vai desenvolver-se a partir da actual crise das dívidas soberanas», indica um relatório da agência chinesa.

A situação é particularmente grave na região que partilha a moeda única, porque «à bolha das dívidas dos governos soma-se uma bolha de dívidas do sector bancário».

«A interacção entre as duas coloca a Zona Euro num ciclo vicioso», observa a agência, que sublinha «o factor de instabilidade derivado das dívidas entre Estados na Zona Euro e a expansão excessiva do sector bancário».

«Não são de excluir saídas do euro»

A Dagong aponta que os países mais fracos economicamente são também os mais endividados e que o risco de contágio das suas dificuldades no conjunto da Zona Euro é elevado.

Além disso, os fundos colocados à disposição pelo Fundo Monetário Internacional e o futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade, que deve entrar em funcionamento em Junho, «são demasiado insuficientes em relação aos potenciais resgates nos países em crise e sector bancário».

Assim, «em 2012, parece claro que a última solução será o apoio através do Banco Central Europeu».

Mas a exposição do BCE às dívidas de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha conduzirá à «diminuição da confiança externa» na Zona Euro.

Mais: «A desvalorização do euro vai em consequência aumentar a inflação e as taxas de juro». E, para esta agência, «a possibilidade de resolução da crise através da saída de alguns países membros ou da desintegração da Zona Euro não deve ser excluída».
Continue a ler esta notícia

Relacionados