Hospital S. João acusado de escravizar enfermeiros - TVI

Hospital S. João acusado de escravizar enfermeiros

  • Portugal Diário
  • - Pedro Sales Dias
  • 21 mai 2007, 15:49
Manifestação de enfermeiros (arquivo)

Unidade terá em dívida mais de 50 mil horas extra que recusa pagar

O Sindicato dos Enfermeiros (SE) reclama o pagamento, por parte do Hospital de São João, no Porto (HSJ), «de mais de 50 mil horas extraordinárias» por pagar aos enfermeiros daquela instituição.

Segundo o presidente do SE, José Correia, o «avultado» número de horas extra em divida acumulou-se ao longo dos dois últimos anos, ao ritmo de cerca de seis mil por mês e «o hospital recusa efectuar o pagamento, tendo proposto a compensação através de horas de ausência».

Ao PortugalDiário fonte oficial da unidade hospitalar recusou comentar negando também a confirmação da situação.

A solução apresentada pelo HSJ, segundo o sindicato, «só vem agravar ainda mais o problema, porque sobrecarrega os profissionais que se encontram de serviço, aumentando o défice de horas de trabalho efectivo». José Correia alerta ainda que «os direitos vão-se degradando» e diz que «há uma cadeia perversa em tudo isto».

Administração recusa diálogo com o sindicato

O representante dos enfermeiros não entende ainda «como é que os gestores de uma instituição pública se dão ao luxo de negarem o diálogo com sindicatos». Essa foi aliás, a resposta que diz ter tido das várias vezes que tentou falar com a administração do hospital. Para além disso, «dizem que não dão importância à questão», acrescenta.

Hospital propõe solução «ilegal»

A estrutura sindical acusa o HSJ de estar a agir ilegalmente uma vez que de acordo com «o Decreto-lei 62/79, a propósito da remuneração, compete ao enfermeiro escolher a forma de pagamento do trabalho extraordinário, sendo que o hospital só pode impor o pagamento em dinheiro».

«É uma forma de escravatura» para enfermeiros

José Correia explica ainda que a situação não é única no país, mas que o caso do Hospital de São João é o «mais grave». Segundo o enfermeiro as consequências podem ser graves, uma vez que a solução apontada pelo hospital, significa maior cansaço de outros enfermeiros.

«É uma forma de escravatura» praticada pelos chefes que recebem incentivos precisamente para o fazer. Somos achincalhados», diz revelando ainda a «precariedade no trabalho».

O sindicato já comunicou a situação ao ministro da Saúde, Correia de Campos, mas até agora não teve qualquer resposta. José Correia coloca a hipótese de recorrer aos tribunais, mas foi informado de que quer o Tribunal Administrativo quer o Tribunal do Trabalho dizem que «o assunto não é com eles».

Sindicato promete manifestações

A única alternativa que resta ao sindicato é por via de manifestações, uma hipótese «à qual normalmente não recorremos, mas se tiver de ser, vamos lutar por esse caminho», salienta José Correia lamentando que de resto «não há outra opção», num «país civilizado que vai assumir a presidência da Europa».
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