Imprensa espanhola critica rusgas «exageradas» no BES e BNP - TVI

Imprensa espanhola critica rusgas «exageradas» no BES e BNP

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A imprensa económica espanhola criticou esta sexta-feira os contornos «exagerados» das rusgas levadas a cabo ontem nos escritórios do BES e do BNP, em Madrid e Barcelona, considerando que afectam desnecessariamente a confiança do público nas entidades.

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As rusgas, que merecem destaque de primeira página e ampla cobertura quer na imprensa económica, quer na generalista desta sexta-feira, suscitam igualmente vários editoriais e análises críticas da acção dos agentes envolvidos na operação, identificada pelo nome «Sueter».

Centenas de agentes da Guarda Civil e da Agência Tributária, agindo com base em mandados emitidos pelo juiz Baltasar Garzon efectuaram rusgas às dependências dos dois bancos cita a agência «Lusa», bem como aos escritórios da seguradora Cahispa e na sociedade de valores Cartera Meridional.

Num primeiro impacto das rusgas, as autoridades congelaram contas de mais de 1.500 milhões de euros, num processo de investigação desencadeado há dois anos, na sequência de um outro processo que começou em 2000.

Sob o título «Reality Show de rusgas bancárias», o Expansion critica na sua coluna de opinião: «A Chave», a forma como a operação foi conduzida, afirmando que «há caminhos mais eficazes e responsáveis», entre a necessidade da surpresa e a de preservação da confiança do púbico.

Este é especialmente o caso, refere, «quando se trata do sector financeiro, onde a confiança é chave» e, em particular na sequência do impacto das operações desencadeadas este ano contra as sociedades filatélicas Afinsa e Fórum Filatélico.

«Custa a acreditar que entidades com a dimensão destes dois bancos afectados se tenham negado a colaborar com as autoridades para levar a cabo estas rusgas de forma mais sigilosa», afirma, considerando que a acção judicial «parece desproporcionada e ignora a presunção de inocência das entidades afectadas».

«El Economista» considera actuação excessiva

Igualmente crítico é o jornal «El Economista» que dedica a manchete, o editorial e sete páginas ao «tema do dia», condenando o que considera «outra actuação exagerada» ou mesmo excessiva da justiça que «de tão espectacular poderia levar o público a pensar tratar-se de uma grande crise bancária».

Fernando Zunzunegui, advogado e consultor económico, as autoridades devem procurar a colaboração das entidades e envolver o Banco de Espanha procurando evitar imagens de agentes policiais a fechar sedes de bancos o que danifica claramente a sua imagem junto dos consumidores.

Ao mesmo tempo, advoga, deveria ser no mais curto espaço de tempo possível, ser distribuída informação que ajude a clarificar se se trata de clientes ou da própria entidade envolvida, minimizando o impacto no mercado que, se fez sentir na quinta-feira com quedas na valorização em bolsa das duas empresas.

Na sua cobertura o El Economista refere que o BES estava praticamente a «atingir a sua maturidade em Espanha» tendo entre os seus clientes "conhecidos clientes de elite", como a família Real espanhola e o ex-presidente da República, Jorge Sampaio.

Segunda entidade financeira portuguesa, o BES é o 30º banco em Espanha, em termos de recursos totais, próprios e de clientes.

O «El Economista» cita ainda declarações do presidente do BES em Espanha, José Manuel Espírito Santo, que se declarou consternado pela situação, garantindo «nada saber» sobre as rusgas.
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