Professores: «É uma situação inaceitável» - TVI

Professores: «É uma situação inaceitável»

  • Portugal Diário
  • Marta Belchior
  • 3 set 2007, 19:40
Professores protestaram nos Restauradores, em Lisboa (Marta Belchior)

Fenprof convoca protesto e chama a atenção para desemprego entre os docentes

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) promoveu esta segunda-feira, em frente à Loja do Cidadão dos Restauradores, em Lisboa, uma iniciativa nacional para chamar a atenção para os problemas do desemprego docente e distribuir comunicados à população. Este protesto acontece num ano em que o concurso de professores ficaria marcado pela «estabilidade», segundo a ministra da Educação.

Os membros da Fenprof e os professores desempregados presentes na iniciativa distinguiam-se bem no meio da multidão que entrava e saía da Loja do Cidadão, não só pela cor dos coletes que vestiam (cor-de-laranja), como também pela mensagem que transmitiam: «Luta contra o desemprego».

Com os jornalistas presentes, os professores fizeram-se ouvir e teceram críticas ao Ministério da Educação.

«Eventualmente por engano, a Senhora Ministra da Educação afirmou que o concurso de professores, este ano, ficou marcado pela estabilidade», escreve a Fenprof em comunicado.

De acordo com Mário Nogueira, presidente da Federação Nacional de Professores, «o concurso deste ano não permitiu a entrada de ninguém nos quadros. De Agosto 2006 a Julho de 2007, houve 4400 aposentações. Pelo menos metade desse número deveria ter dado lugar a professores e este ano não houve ingresso de ninguém».

Estamos perante um «concurso plurianual e só para 2009/2010 é que haverá possibilidade de alguém entrar nos quadros», sublinhou.

Segundo disse a ministra da Educação, no Sábado passado, praticamente todos os professores estão colocados. Mas para Mário Nogueira isso é mentira. Houve 3252 colocados para cerca de 48 mil candidaturas, o que significa que aproximadamente 45 mil candidatos estão sem colocação», afirmou.

O sindicato adianta ainda que se verificou uma «destruição do emprego docente na ordem dos 20.000 nos últimos dois anos».

É «um dos maiores despedimentos colectivos que teve lugar neste país»

«É necessário desmentir o ministério noutra questão. O Secretário de Estado Adjunto e da Educação disse que a grande maioria dos candidatos são jovens recém-licenciados à procura do primeiro emprego. Mas mais de metade já foram docentes. Cerca de 17.000 estavam a trabalhar a contrato na escola», referiu o presidente da Fenprof.

Para Mário Nogueira, a diminuição de alunos nas escolas «pode ser a causa natural do despedimento dos professores, mas é o factor menor de toda a situação. Foram tomadas medidas exclusivamente orientadas para o que está a acontecer», disse.

«Estes professores são todos precisos nas escolas. O ministério e o Governo querem emagrecer a função pública e no caso do ensino passa por pôr professores na rua», criticou.

De acordo com Mário Nogueira, este é «um dos maiores despedimentos colectivos que teve lugar neste país, da responsabilidade de um governo que ainda por cima quando se candidatou e se propôs a votos prometeu criar empregos».

Relativamente às provas de ingresso impostas pelo Ministério da Educação aos jovens licenciados, Mário Nogueira disse ser uma «demagogia ao mais baixo nível que o Ministério da Educação faz nestas alturas».

«Se é preciso actuar sobre alguém, não é sobre esses jovens depois de eles terem tido aproveitamento nas escolas de formação. É sobre o ensino superior e a má qualidade da formação de professores que é ministrado em algumas instituições», sublinhou.

«A ministra é a responsável política, e o Governo e Sócrates também são responsáveis políticos, por uma situação que no plano social é extremamente gravosa. Deitam fora aqueles que têm qualificação mais elevada», referiu o dirigente. «É uma situação inaceitável e de irresponsabilidade política».
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