Alemanha-Coreia do Sul, 1-0 (destaques) - TVI

Alemanha-Coreia do Sul, 1-0 (destaques)

Pronto, leva lá a coroa, ó Kahn! Kahn mostrou que é o melhor do Mundo na baliza. Ballack foi eficaz e, desta vez, o árbitro esteve... impecável.

Kahn

Não vale a pena perder mais tempo a arranjar adjectivos. É o melhor guarda-redes do Mundial, o melhor guarda-redes do Mundo, e basta. Com menos trabalho do que no jogo com os Estados Unidos, teve uma defesa sublime logo aos 7 minutos, mergulhando para a direita a desviar remate de Lee Chun Soo, a dar o tom para o resto do jogo. Ainda só sofreu um golo em seis jogos, e os companheiros bem podem agradecer-lhe a presença na final, não especialmente pelo que fez neste jogo, mas por 540 minutos sem mácula. No fim do jogo fez questão de trocar de camisola com Woon-jae Lee, o seu homólogo coreano - e um rival de grande valor. É talvez a única estrela europeia à altura da sua reputação neste Campeonato.

Ballack

Em teoria é o médio criativo da Mannschaft. Mas só em teoria, porque criatividade é coisa que não abunda nos homens da camisola branca - e nem sequer lhes faz falta. Isso não o impede de ser o alemão mais em evidência neste Mundial, a seguir a Kahn como é evidente. O golo que marcou - segundo tento decisivo em outros tantos jogos - é bem um símbolo desta Alemanha que derruba adversários mais em força do que em jeito e tem a sorte do seu lado: rápido a aparecer na segunda vaga de ataque, rematou a direito, contra o guarda-redes, mas estava no sítio certo para fazer a recarga na passada. O espírito de trabalhador obscuro ficou bem patente na forma como viu o «amarelo» que o afasta da final ao cometer uma falta táctica para travar um contra-ataque dos coreanos.

Árbitro

A atmosfera do Mundial começava a tornar-se irrespirável, depois de o contributo do egípcio Ghandour para a eliminação da Espanha ter aberto a porta às mais variadas teorias da conspiração. Sem margem para errar, o suíço Urs Meier realizou um trabalho impecável - sem qualquer protecção à Coreia, mas sem cair na tentação oposta, de se deixar iludir pelas simulações em que os alemães são peritos, o que não apaga os problemas anteriores, mas permite, pelo menos, atenuar um pouco a sensação de mal-estar.

Defesa coreana

O défice de quilos e centímetros era esmagador, mas os três centrais coreanos conseguiram o mais difícil, anulando o perigo alemão nos lances de bola parada. Para tal, além de jogarem em antecipação, tiveram a inteligência de cometer o mínimo possível de faltas e ceder o mínimo possível de cantos. Mas quando estes lances aconteciam, lá estavam as marcações atentas, a agilidade das movimentações de Myung-bo Hong - um dos grandes deste Mundial - e companhia a anular a força bruta adversária. Acabaram traídos por um lance de contra-ataque, precisamente numa fase em que, confiante na solidez da sua defesa, a Coreia tinha gasto o último fôlego a instalar-se temporariamente no meio-campo alemão.

Público

Cinco segundos de incredulidade, não mais. Depois de terem passado três horas a apoiar incessantemente a equipa, bastaram cinco segundos após o último apito de Urs Meier para os 65 mil adeptos coreanos (bom, eram capazes de lá estar para aí uns mil alemães) irromperem num coro de aplausos que se prolongou durante vinte minutos, em homenagem aos seus heróis. E nem uma ponta de azedume ou falta de fair-play para com os alemães. Decididamente, num Mundial pobre, a espantosa maré vermelha do público coreano foi das poucas novidades que vale a pena guardar na memória.

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