Operam obesos, mas não têm balança - TVI

Operam obesos, mas não têm balança

  • Portugal Diário
  • 19 jun 2006, 16:49

Grupo de estudo de Obesidade do Hospital São José espera há quatro anos por balança digital

Mais de 700 pessoas já foram operadas pelo Grupo de Estudo e Tratamento da Obesidade do Hospital S. José, que lida há quatro anos com obesos mórbidos e que, desde então, reivindica uma balança digital para serviço, escreve a Lusa.

«Há quatro anos e meio que andamos a pedir uma balança digital, mas a administração ainda não a comprou», disse à Agência Lusa o cirurgião Novo de Matos, que formou aquele grupo de trabalho.

Além de medir o peso, a balança digital permite também aos dietistas terem acesso a valores energéticos e calóricos, explicou o médico.

«Somos pacientes e vamos continuar à espera», garantiu Novo de Matos à margem de uma reunião científica sobre a obesidade mórbida, que decorreu hoje no Hospital S. José.

Criada há quatro anos e meio, a consulta para o tratamento da obesidade mórbida já colocou bandas gástricas e «bypass» gástricos em 750 doentes.

«O «bypass» gástrico é uma das mais valias deste grupo», indicou Novo de Matos, explicando que esta técnica é utilizada sobretudo nos super-obesos e consiste em «provocar» um «curto-circuito entre a parte superior do estômago e o intestino delgado», eliminado a área de absorção do alimento.

O cirurgião orgulha-se ainda de esta consulta executar cerca de oito intervenções cirúrgicas por semana, atender mais de 50 doentes semanalmente e ter uma lista de espera «reduzidíssima».

«O tempo máximo de espera é de dois meses», garantiu Novo de Matos, acrescentando que a percentagem de resultados positivos das intervenções cirúrgicas é superior a 50 por cento.

Noventa por cento das pessoas que recorrem à consulta são mulheres, a média de idades dos doentes ronda os 40 anos e a taxa de mortalidade é muito reduzida, na ordem dos 0,7 por cento, indicou o responsável.

Sublinhou, também, que «cada vez mais vão surgindo casos em pessoas mais novas».

Em matéria de obesidade mórbida, que Novo de Matos considera ser a epidemia do século XXI, o cirurgião alertou para as outras doenças que lhe estão associadas.

«Curar a obesidade mórbida é curar outras doenças, como a hipertensão, a diabetes, problemas respiratórios, entre outros, que quase todos os obesos mórbidos têm», afirmou.
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