O que precisa de saber sobre os mísseis hipersónicos disparados pela Rússia contra a Ucrânia - TVI

O que precisa de saber sobre os mísseis hipersónicos disparados pela Rússia contra a Ucrânia

  • CNN
  • Brad Ledon
  • 10 mai 2022, 21:05
Míssil Kh-47M2 Kinzhal. Alexander Zemlianichenko/AP/FILE

Qual a razão para o medo e o alarido à volta dos mísseis hipersónicos?

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Um bombardeiro russo disparou três mísseis hipersónicos contra a cidade portuária de Odessa, no sul da Ucrânia, na noite de segunda-feira, disseram as autoridades ucranianas, como parte de uma barragem de fogo que destruiu vários alvos civis, incluindo hotéis e um centro comercial.

Não é a primeira vez que Moscovo usa o míssil hipersónico Kinzhal durante a invasão, mas parece ser uma ocorrência relativamente rara.

A Rússia disse que usou mísseis Kinzhal na Ucrânia em meados de março - uma afirmação posteriormente confirmada pelas autoridades americanas à CNN - na primeira utilização conhecida da arma em combate.

Em março, o presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou o uso do míssil Kinzhal pela Rússia, descrevendo-o como “uma arma importante… é quase impossível travá-lo. Há uma razão para estarem a usá-lo.”

O Secretário de Defesa de Biden, Lloyd Austin, minimizou a eficácia do míssil, dizendo à CBS em março que “não o via como revolucionário.”

E o Ministério da Defesa do Reino Unido tinha anteriormente dito que o míssil Kinzhal era apenas uma versão lançada do ar do míssil balístico de curto alcance Iskander (SRBM), que a Rússia tem usado repetidamente na guerra contra a Ucrânia.

Eis o que temos de saber.

Qual a razão para o medo e o alarido à volta dos mísseis hipersónicos?

Primeiro, é importante entender o termo.

Essencialmente, todos os mísseis são hipersónicos - o que significa que viajam a pelo menos cinco vezes a velocidade do som. Quase todas as ogivas lançadas de um foguete na atmosfera atingirão essa velocidade a caminho do seu alvo. Não é uma tecnologia nova.

Aquilo em que estão agora a trabalhar as potências militares - incluindo a Rússia, a China, os Estados Unidos e a Coreia do Norte - é um veículo planador hipersónico (HGV). Um HGV é uma carga altamente manobrável que, teoricamente, pode voar em velocidade hipersónica enquanto ajusta a rota e a altitude para voar abaixo da deteção dos radares e para contornar as defesas antimísseis.

Um HGV é uma arma que é quase impossível de parar. Acredita-se que a Rússia tenha um HGV no seu arsenal, o sistema Avangard, que o presidente russo Vladimir Putin descreveu, em 2018, como “praticamente imune” às defesas antiaéreas ocidentais.

Mas o Kinzhal, enquanto variante do Iskander SRBM, não é um HGV. Embora tenha uma capacidade limitada de manobra, como o Iskander, a sua principal vantagem é poder ser lançado de caças MiG-31, o que lhe dá um alcance maior e a capacidade de atacar de várias direções, segundo um relatório do ano passado do Centro para os Estudos Estratégicos e Internacionais.

“O MiG-31K pode atacar de direções imprevisíveis e pode evitar por completo as tentativas de intercetação. O facto de o veículo transportador ser um avião também lhe pode dar um nível de sobrevivência maior do que um sistema Iskander, disparado do solo”, dizia o relatório.

O mesmo relatório também observou que o Iskander lançado do solo provou ser vulnerável a sistemas de defesa antimísseis, durante a guerra de Nagorno-Karabakh em 2020, durante a qual as forças Azeri intercetaram um Iskander arménio.

“Isso sugere que as alegações de invulnerabilidade do Kinzhal aos sistemas de defesa antimísseis também podem ser um pouco exageradas”, dizia o relatório.

A Ucrânia tem defesas antimísseis?

Os Estados Unidos e os seus aliados da NATO já estão a enviar para a Ucrânia vários sistemas de mísseis terra-ar para ajudar na defesa.

Segundo um alto funcionário dos EUA, em março, esses sistemas adicionais incluíam os sistemas de defesa aérea móvel SA-8, SA-10, SA-12 e SA-14, da era soviética.

A Eslováquia, membro da NATO, também enviou baterias de defesa antimísseis S-300, mais modernas, para a Ucrânia.

Em abril, o Reino Unido prometeu 123 milhões de dólares em equipamentos militares de alta qualidade, incluindo mais mísseis antiaéreos Starstreak. Semanas depois, a Alemanha disse que forneceria 50 blindados de defesa antiaérea à Ucrânia.

E os EUA estão a preparar um gigantesco pacote de ajuda de 40 mil milhões de dólares que incluiria capacidades antiaéreas adicionais para os militares ucranianos.

Porque é que Putin usou o míssil Kinzhal?

A utilização na Ucrânia marca a estreia em combate do sistema Kinzhal da Rússia.

“A 18 de março, o sistema de mísseis de aviação Kinzhal, com mísseis aerobalísticos hipersónicos, destruiu um grande armazém subterrâneo de mísseis e munições de aviação das tropas ucranianas na vila de Delyatin, na região de Ivano-Frankivsk”, disse o Ministério da Defesa da Rússia, na altura.

Mais tarde, as autoridades dos EUA confirmaram à CNN que a Rússia lançou mísseis hipersónicos contra a Ucrânia e conseguiu rastrear os lançamentos em tempo real.

Os lançamentos em março devem ter tido o objetivo de testar as armas e enviar uma mensagem ao Ocidente sobre as capacidades russas, disseram várias fontes à CNN.

Naquele momento, a guerra no terreno, na Ucrânia, estava numa espécie de impasse. A Rússia podia estar à procura de vitórias que pudesse anunciar.

O Ministério da Defesa do Reino Unido disse na altura que Moscovo deve ter usado o Kinzhal para “desviar as atenções da falta de progressos na campanha terrestre da Rússia”. Austin, o secretário de Defesa dos EUA, usou linguagem semelhante numa entrevista à CBS em março, dizendo que Putin estava “a tentar repor algum impulso.”

No final de março, os EUA avaliaram que as forças russas estavam a ficar com poucos mísseis de cruzeiro lançados do ar, segundo um oficial da Defesa dos EUA, que disse que havia indicações de que a Rússia estava a tentar manter esse inventário como parte das reservas em declínio de munições guiadas de precisão.

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