Bragança: «pobreza é opção» - TVI

Bragança: «pobreza é opção»

  • Portugal Diário
  • 1 fev 2007, 17:57

Idosos conseguem amealhar pequenas fortunas, mas preferem passar necessidade

Os idosos do Distrito de Bragança apresentam uma capacidade de poupança que lhes permitiu acumular pequenas fortunas com poucos recursos, mas preferem passar necessidade a usar as economias de uma vida.

Este é o retrato feito pelos serviços regionais da Segurança Social e Governo Civil, para quem «a imagem de pobreza associada aos idosos da região é mais uma opção de vida do que uma real necessidade».

Esta foi também uma das razões apontadas para o reduzido número de bene ficiários do Complemento Solidário para Idosos (CSI), que, em 2006, abrangeu na região apenas 277 dos cerca de oito mil potenciais candidatos com mais de 80 anos.

O deputado do PSD por Bragança, Adão Silva, requereu explicações ao Gov erno pelo número reduzido e considerou haver «discriminação entre o idosos do mundo rural e urbano», alegando que nas grandes cidades do litoral a percentagem de beneficiários ultrapassou os 20 por cento.

«Aquilo que alguns interpretam pela negativa, eu interpreto pela positiva», disse o Governador civil de Bragança, Jorge Gomes.

Este responsável garantiu que «o distrito tem pouca gente com necessida de deste complemento», criado pelo actual governo para garantir que nenhum idoso tenha um rendimento mensal inferior a 300 euros.

O CSI abrangeu em 2006 os idosos com mais de 80 anos, em 2007 é alargad o aos 70 anos e em 2008 à generalidade dos reformados.

A directora do Centro Distrital de Bragança da Segurança Social, Teresa Barreira, acredita que «os idosos contemplados na região são os que realmente necessitam».

Segundo disse, os restantes já estão a ser apoiados por outras prestais sociais ou através do apoio domiciliário ou estão institucionalizados.

Dos 480 requerimentos feitos aos serviços na região até 25 de Janeiro, 133 foram indeferidos e 80 estão em análise, alguns dos quais dizem respeito já à nova fase, que abrange idosos a partir dos 70 anos.

Para esta faixa etária, os serviços notificaram mais de 10600 potenciai s candidatos, embora acreditem que também apenas um número reduzido virá a benef iciar deste apoio.

Segundo os responsáveis locais da Segurança Social, a razão não se prende com qualquer tipo de discriminação em relação aos idosos do litoral, mas por haver poucos idosos na região com baixas reformas, que não tenham outros complementos, ou outras fontes de rendimento, nomeadamente ligadas à agricultura.

O que mais tem surpreendido os técnicos é a capacidade de aforro, sobre tudo dos mais velhos, que conseguiram amealhar ao longo da vida com poucos recursos, pequenas fortunas.

Um exemplo apontado foi o de uma idosa que, apesar de ter uma reforma a baixo dos 300 euros, tinha numa conta bancária superior a 90 mi euros de poupanças.

«Pode parecer que vivem com alguma precariedade, mas é um opção de vida», disse Teresa Barreira.
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