PIB: economia deverá contrair 1% este ano - TVI

PIB: economia deverá contrair 1% este ano

Contracção do PIB só não vai ser mais pronunciada devido às exportações, dizem economistas

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A economia portuguesa deverá registar uma contracção de 1% este ano. Quem o diz é o economista do Santander, Rui Constantino, que considera que a contracção do PIB só «não vai ser mais pronunciada devido às exportações».

Uma ideia partilhada pelo economista da IMF, Filipe Garcia. «Este ano será, provavelmente, recessivo. A consolidação orçamental continuará a deprimir o consumo público, não há muitas condições para uma boa performance do investimento e a construção continua sem grande dinamismo», disse numa nota enviada à Agência Financeira.

«Para mais, reiteramos a ideia de que 2011 poderá será complicado para os consumidores em termos de rendimento disponível. Mesmo os que mantenham o emprego não deverão ter salários mais altos (pelo contrário, haverá quem se depare com salários mais baixos), os preços estão a subir, as taxas de juro também, assim como a carga fiscal directa e indirecta. Finalmente, apesar de esperarmos um bom ano para os exportadores, há que notar a subida dos preços da energia e de outras matérias-primas, que deverão impedir uma melhoria mais significativa da balança comercial em 2011», explica.

Olhos postos nas exportações

A economista do BPI, Paula Carvalho, acrescenta, citada pela Reuters, que nos próximos meses, «as atenções vão estar centradas no comportamento das exportações, no sentido de aferir a continuação do comportamento positivo desta componente».

Já quanto à estimativa rápida do INE, que aponta para uma contracção em cadeia do PIB português de 0,3% no último trimestre, os três são praticamente unânimes: o número saiu em linha com as projecções.

«Uma queda de 0,3% em cadeia está em linha com as nossas previsões e, nesse sentido, não há surpresas. A desaceleração da procura interna também já era esperada e deverá manter-se deprimida (nos próximos meses) devido à consolidação fiscal e à dificuldade de financiamento no exterior, adianta Paula Carvalho.

«O número saiu bem melhor do que se previa há meio ano atrás. Quando foi anunciado o aumento do IVA em 2011 e as alterações nos impostos sobre automóveis, foi obrigatório rever as estimativas em alta para 2010. Por outro lado, o sector exportador evoluiu de forma muito interessante, ajudando ao crescimento do PIB», refere ainda Filipe Garcia.

Já Rui Constantino remata dizendo que «a melhoria das exportações valida ainda mais a capacidade de resposta ao crescimento da procura externa e contraria o mito de que Portugal sofre com um problema de perda de competitividade».

Católica também culpa austeridade

O Núcleo de Estudos de Conjuntura da Universidade Católica (NECEP) atribui a contracção da economia à quebra de confiança dos agentes económicos, nomeadamente, dos consumidores, após a apresentação do Orçamento do Estado para 2011.

«A explicação para os dados envolve três factores: anúncio de medidas para o OE 2011 com consequências na confiança dos agentes económicos, medidas orçamentais adicionais no último trimestre de 2010, e manutenção dos elevados custos com o financiamento da dívida soberana portuguesa», escreve o NECEP, acrescentando que o OE para este ano é «muito restritivo», quebrando assim a confiança das famílias.

Também o esforço adicional de redução do défice feito ainda em 2010 (no sentido de cumprir a meta dos 7,3%) afectou a actividade normal do Estado e o rendimento das famílias. Finalmente, destaca o NECEP, citado pela Lusa, o agravamento das condições de financiamento da economia portuguesa, relacionado com a crise da dívida soberana em nada ajudou a recuperação económica.

O crescimento médio de 1,4% registado pela economia nacional no ano passado confirma as estimativas do NECEP.



O NECEP diz também que «os novos dados, não alteram, no essencial, o quadro de previsões para 2011, que para a sua melhoria continuarão a estar dependentes da evolução favorável da economia europeia e das exportações portuguesas» e «mantém assim a previsão de contracção do PIB».
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