A oposição zimbabueana considerou este sábado que o chefe de Estado, Robert Mugabe, está a exercer pressão para uma segunda volta presidencial para se «vingar» e apelou a uma intervenção da comunidade internacional a fim de evitar um «banho de sangue», refere a Lusa.
«Para Mugabe, uma segunda volta é uma estratégia de vingança», declarou Nelson Chamisa, porta-voz do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), principal partido da oposição.
«Perdeu e quer vingar-se», referiu Chamisa, sublinhando que a comunidade internacional deve intervir para evitar uma repetição da vaga de violência que ocorreu após a derrota do presidente Mugabe há oito anos num referendo sobre um projecto de nova Constituição.
«Foi derrotado no referendo de 2000 e todos estamos muito bem recordados da enorme violência que se seguiu», disse o porta-voz do MDC.
«Queremos evitar uma situação semelhante e só uma intervenção da comunidade internacional poderá evitar um banho de sangue», disse Nelson Chamisa, acrescentando que o mundo «deve persuadir Mugabe a aceitar a vontade do povo zimbabueano».
Antecipando-se contra a eventual manipulação da contagem de votos, o MDC já tinha reivindicado a presidência para o seu líder, Morgan Tsvangirai, após o encerramento das urnas das eleições gerais de 29 de Março, cujos resultados finais ainda não foram proclamados oficialmente.
Do seu turno, o partido de Mugabe afirmou sexta-feira estar disponível para uma segunda volta do escrutínio presidencial e contestou a contagem de votos para as legislativas em pelo menos 16 distritos.
A oposição reconheceu o «direito democrático» da União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (Zanu-PF, no poder) - de contestar os resultados legislativos, nos quais o MDC obteve oficialmente 109 dos 210 assentos do parlamento, contra 97 da Zanu-PF.
Robert Mugabe quer «vingança»
- Portugal Diário
- 5 abr 2008, 11:00
Oposição no Zimbabué pede ajuda internacional para evitar «banho de sangue»
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