À espera que a Procuradoria decida se apresenta queixa formal, e enquanto decorre a instrução judicial desencadeada pela denúncia de um alegado prejudicado pelos atos do jovem burlão, Francisco Nicolás dedica o tempo a enaltecer a própria figura, a ganhar dinheiro em entrevistas na televisão e a alimentar um ego descomunal, insuflado pela fama adquirida nas últimas semanas.
Caracterizado na imprensa espanhola como impostor, mentiroso, farsante, e acusado em tribunal de falsificação, usurpação de funções públicas e esquemas fraudulentos, Francisco Nicolás garantiu colaborar com o Governo, a Casa Real e os serviços secretos. Os desmentidos, emitidos por parte das mais altas instituições do Estado, motivaram o contra-ataque do «pequeno Nicolás» que assegura estar próximo do poder e mediar negócios.
«Sei demasiado e tenho material sensível», afirmou.
De acordo com o jornal «El Mundo», esta semana circularam mensagens whatsapp de Francisco Nicolás trocadas com o secretário de Estado de Comércio, Jaime García Legaz. As mensagens demonstram que o governante deu apoio institucional a empresas de amigos de Nicolás e que chegou a interceder junto de uma entidade financeira para conseguir um crédito. O jovem teria também informação que poderia atingir o ministro da Economia, Luis de Guindos, num momento em que este se posiciona para presidir o Eurogrupo.
Leia também: Desde os 15 anos a enganar os espanhóis
Filho de uma família com escassos recursos, neto de um coronel do exército, Nicolás, estudante de Direito, ofereceu-se desde os 14 anos para quaisquer tarefas na Juventude do Partido Popular (direita, no poder). Nicolás fotografou-se com os mais destacados nomes da formação, desde José María Aznar a Mariano Rajoy. Fez-se imprescindível e aparecia em toda a parte, tirando fotos com gente famosa e publicando-as no Facebook. Conseguiu que todos o conhecessem sem lhe atribuir proveniência, como aqueles convidados dos casamentos que ninguém sabe se vêm da parte do noivo ou da noiva. Em Junho de 2014 conseguiu mesmo cumprimentar o rei Felipe VI na cerimónia de proclamação.