O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, anunciou esta sexta-feira que marcou eleições autonómicas na Catalunha para 21 de dezembro, por ter dissolvido o parlamento regional, na sequência da declaração unilateral de independência.
Numa comunicação ao país, Rajoy anunciou que o Governo espanhol ordenou a destituição do presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont, o vice-presidente, Oriol Junqueras, e todos os 'consellers' (ministros regionais) da Generalitat, medidas ao abrigo da aplicação do artigo 155.º da Constituição.
Além da destituição do parlamento e dos dirigentes do governo catalão, Rajoy afastou também o diretor-geral da polícia catalã, os Mossos de Esquadra.
As competências dos governantes catalães, agora destituídos, são assumidas pelos ministros do governo espanhol.
Convocar quanto antes eleições livres, limpas e legais que possam restaurar a democracia na comunidade autónoma", foi a justificação central da medida, tomada ao abrigo do artigo 155.º da Constituição.
São ainda extintos os escritórios da presidência catalã, tal como as "embaixadas no estrangeiro" e os chefes da polícia catalã.
Ponemos en marcha las primeras medidas para evitar que puedan seguir dando pasos en esta escalada de ilegalidad pic.twitter.com/uaEczjjN73
— Mariano Rajoy Brey (@marianorajoy) 27 de outubro de 2017
Manifestações em curso
Vários grupos de pessoas, uns a favor e outros contra a independência da Catalunha, continuam a manifestar-se em diferentes pontos de Barcelona, de forma pacífica, até ao momento, segundo a polícia regional catalã.
Fontes dos Mossos d’Esquadra, (polícia regional) explicaram que as duas concentrações mais importantes estão na Praça de Sant Jaume, com cerca de 15.000 pessoas que apoiam a independência, em frente à sede Governo regional, enquanto na Avenida Diagonal cerca de 1.000 pessoas protestam contra a divisão de Espanha.
Os separatistas concentrados em frente à sede da Generalitat têm ainda a esperança de que o presidente do Governo regional, Carles Puigdemont, venha à varanda falar com os presentes e responder às decisões tomadas em Madrid.
Portugal rejeita independência
Governo e Presidente da República condenaram a decisão do parlamento catalão de declarar a independência unilateral.
O Presidente da República, tal como o Governo, reafirma o respeito pela unidade do Estado espanhol, incompatível com o reconhecimento da invocada declaração unilateral de independência da Catalunha, que, além de não respeitar a Constituição [espanhola], não contribui para a salvaguarda do Estado de direito democrático e o regular funcionamento das instituições", lê-se numa nota divulgada pela Presidência da República.
Além da posição expressa por António Costa, ao longo da tarde, o Governo português também emitiu uma nota oficial, onde é expresso que "Portugal condena a quebra da ordem constitucional e o ataque ao Estado de direito em Espanha".
O Governo português confia que as instituições democráticas espanholas saberão restaurar o Estado de direito e a ordem constitucional", acrescenta o comunicado.
Comunicado sobre a «Declaração Unilateral de Independência» no Parlamento da Catalunha https://t.co/qMCzQ89FpR
— República Portuguesa (@govpt) October 27, 2017
Escócia pede "respeito"
União Europeia, através do presidente da comissão Jean-Claude Juncker, tal como Alemanha, Reino Unido, Itália e França condenaram a declaração de independência catalã, considerando que a Espanha continua a ser a sua única interlocutora naquele território.
Do outro lado do Atlântico, também o presidente norte-americano considerou só reconhecer a Espanha, enquanto parceiro.
Dissonante, em certa medida, foi a posição da primeira-ministra escocesa, considerando ser necessário haver "respeito", porque os catalães "devem ter a possibilidade de determinar o seu futuro".
.@scotgov on #Catalonia independence declaration: “We respect position...people of Catalonia must have ability to determine own future.” https://t.co/H1pbHcixs8
— Nicola Sturgeon (@NicolaSturgeon) 27 de outubro de 2017
Nicola Sturgeon surgiu assim como a voz dentro da União Europeia a não condenar a declaração de independência.
O parlamento escocês decidiu realizar um novo referendo sobre a independência da nação face ao Reino Unido entre o final de 2018 e início de 2019.
A Escócia já realizou um referendo sobre a sua independência do Reino Unido a 18 de setembro de 2014: 55,3% dos eleitores votaram contra e 44,7% votaram a favor.