Um advogado do presidente dos Estados Unidos da América pediu no sábado ao Departamento de Justiça que encerre a investigação sobre a alegada ingerência russa nas eleições presidenciais do país que deram a vitória a Donald Trump.
A declaração do advogado John Dowd surgiu horas depois da demissão do número dois da polícia federal norte-americana (FBI), Andrew McCabe pelo procurador-geral dos Estados Unidos da América, Jeff Sessions.
Num comunicado, Jeff Sessions esclareceu que uma investigação interna da polícia federal e do Departamento de Justiça concluiu que McCabe deu informações, de forma não autorizada, a meios de comunicação social e não foi franco, mesmo sob juramento, em múltiplas ocasiões.
Mccabe considerou que a sua demissão está relacionada com a tentativa da administração Trump em “desacreditar” a investigação do procurador especial Robert Mueller que tentou esclarecer se a Rússia interferiu nas presidenciais para ajudar Donald Trump a vencer a adversária democrata, Hillary Clinton.
No sábado, o advogado de Trump disse rezar para que o número dois do Departamento de Justiça norte-americano, Rod Rosenstein, siga o “exemplo brilhante e corajoso” do departamento do FBI que tem a responsabilidade das questões disciplinares e do procurador geral, e coloque um fim à investigação da alegada conspiração com a Rússia, declarou o advogado ao jornal digital The Daily Beast.
John Dowd adiantou que a investigação foi “fabricada” pelo ex-diretor do FBI James Comey, com base num dossiê “fraudulento e corrupto” sobre Trump e a Rússia.
O causídico assegurou mais tarde à estação NBC News que não estava a pedir a demissão do procurador especial Robert Mueller, mas que ponha fim à investigação que aquele dirige.
O pedido do advogado visa o número dois do Departamento de Justiça, Rod Rosenstein, que supervisiona a investigação do procurador especial.
A agência Efe refere que o presidente do Estados Unidos não pode demitir o procurador especial sem o aval do Departamento de Justiça, o que aumenta a pressão sobre Rod Rosenstein para uma intervenção na investigação.
Em vários tweets no sábado, Donald Trump não pediu diretamente o fim desta investigação, mas insistiu em desvalorizar a sua importância.
“A investigação de Mueller nunca deveria ter começado, porque não havia conspiração e não havia crime, e baseou-se em ações fraudulentas e um falso dossiê financiado pela corrupta Hillary [Clinton]”, escreveu Trump, considerando a investigação uma “caça às bruxas”.
The Mueller probe should never have been started in that there was no collusion and there was no crime. It was based on fraudulent activities and a Fake Dossier paid for by Crooked Hillary and the DNC, and improperly used in FISA COURT for surveillance of my campaign. WITCH HUNT!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 18 de março de 2018
As the House Intelligence Committee has concluded, there was no collusion between Russia and the Trump Campaign. As many are now finding out, however, there was tremendous leaking, lying and corruption at the highest levels of the FBI, Justice & State. #DrainTheSwamp
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 17 de março de 2018
A 16 de fevereiro, o gabinete do procurador especial Robert Mueller anunciou que um grande júri acusou formalmente 13 cidadãos russos e três entidades russas de interferência no processo eleitoral norte-americano.
Os visados são acusados de violar as leis criminais dos Estados Unidos para interferir com as eleições norte-americanas de 2016 e com o processo político. As acusações incluem conspiração, fraude bancária e roubo de identidade agravada.
No mesmo dia, o Departamento de Justiça norte-americano disse não existe qualquer prova do impacto da ingerência russa no resultado das eleições presidenciais de 2016, frisando que nenhum norte-americano foi visado na acusação formalizada contra entidades e cidadãos russos.
A Rússia negou sempre qualquer ingerência nas presidenciais.