Irão indignado com «insultos» da UE

A situação pós-eleitoral no Irão tem despertado a atenção da comunidade internacional, com alguns países europeus a dizerem que as dúvidas levantadas quanto à legalidade das eleições põem em causa a própria legitimidade do regime de Teerão.

Em reacção, o ministro iraniano do Interior convocou esta terça-feira um alto diplomata checo, que representa a União Europeia (UE). O governo de Teerão quis assim repudiar as declarações «afrontosas» proferidas por Estados-membros da UE acerca das eleições presidenciais iranianas, no mesmo dia em que o regime de Mahmoud Ahmadinejad organiza um protesto em Teerão.

«A República Islâmica do Irão condena as opiniões intervencionistas e insultuosas de alguns países ocidentais, incluindo as afirmações recentes de ministros da países da União Europeia e da própria presidência checa da UE a respeito das eleições presidenciais no Irão», refere um comunicado citado pela agência iraniana de notícias ISNA.

Vice-ministro convicto de que situação vai acalmar

O vice-ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros mostrou-se esta terça-feira convicto de que a contestação pós-eleitoral no Irão vai acalmar depois da divulgação pormenorizada dos resultados. Mehdi Safari manifestou essa convicção ao secretário português de Estado João Gomes Cravinho, numa reunião que os dois tiveram em Lisboa, noticia a Lusa.

«Ele manifestou essa convicção (...). Manifestou a expectativa de que haverá uma acalmia depois de serem dadas mais explicações sobre o acto eleitoral», disse aos jornalistas o secretário dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação sobre o homólogo iraniano, que se escusou a falar à imprensa.

Gomes Cravinho reforçou a Mehdi Safari a preocupação com a situação no Irão e de condenação da violência, assumida segunda-feira pela União Europeia. Gomes Cravinho acrescentou que o vice-ministro iraniano não fez qualquer comentário a essa posição, a não ser para afirmar que «a violência ocorreu num contexto diferente daquele que foi noticiado pelas agências internacionais».

Governo português desaconselha viagens

O Governo português desaconselha a realização de viagens para o Irão, na sequência da violência registada após as eleições presidenciais de 12 de Junho, que deram a vitória ao presidente Mahmoud Ahmadinejad.

O alerta aos viajantes figura na página da Internet da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. O alerta vigora «enquanto decorrerem as manifestações e confrontos em Teerão, assim como em muitas outras cidades do Irão», refere o Governo.

O embaixador de Portugal no Irão, José Moreira da Cunha, garantiu na segunda-feira que os 22 portugueses que residem naquele país se encontram bem.

As manifestações de apoio ao candidato derrotado Mir Hossein Moussavi e de contestação aos resultados das eleições presidenciais já causaram pelo menos sete mortos, depois de vários dias de destruição nas ruas de Teerão.