«Primavera Árabe» tenta ter as primeiras colheitas - TVI

«Primavera Árabe» tenta ter as primeiras colheitas

Egipto: centenas na Praça Tahrir [EPA]

Relações israelo-palestinas difíceis em ano de eleições do estado ainda por reconhecer

A «Primavera Árabe» já passou para 2012. O mundo árabe tem sido palco de rebeliões, quedas de regimes, guerras civis, confrontos entre poderes instalados e contestatários que acontecem neste preciso momento, como é exemplo maior a Síria.

Quatro dos países reagentes à «Primavera Árabe» vão a eleições: três deles estão ainda em processos de mudança com consequências enormes no que respeita a vítimas e dois desses já viram, inclusive, os regimes cair.

O Egipto afastou Hosni Mubarak do poder e está a julgar o ex-presidente. No Iémen, Abdullah Saleh também já entregou a governação, mas ao seu partido. Ambos os países coincidiram temporalmente nas revoltas das populações contra os regimes.

No Egipto, as eleições parlamentares chegam hoje à terceira fase e ainda neste mês se disputará a primeira volta das legislativas. As presidenciais estão marcadas para Março, mas, num regime de tradição presidencialista (apoiada pelas forças armadas), esta votação tem ainda tanto de importante como de incerta. Um dos maiores problemas é a separação dos militares do poder e a laicização da constituição exigida pela sociedade jovem do país que já tem Kamal Ganzouri como primeiro-ministro.

O Ièmen está a ser governado pelo vice de Saleh, Mansur al-Hadi, mas as eleições presidenciais já estão marcadas para Fevereiro seguindo-se as legislativas. O maior partido iémenita, a Congregação para a Reforma, está na oposição ao partido que ainda detém o poder.

Na Síria, os confrontos entre forças do regime e opositores continua até hoje, com relatos diários de mortos (que já vão nos cinco milhares de acordo com a ONU), mesmo com a presença dos observadores da Liga Árabe, do qual o país do presidente Bashar al-Assad (ainda no poder) já foi suspenso. A Síria é actualmente o barril de pólvora maior e mais explosivo da região e mesmo com legislativas previstas para Fevereiro não se consegue prever o que acontecerá quando se chegar lá; se se chegar lá.

Com idêntica importância geográfica e política, a Argélia já acalmou as revoltas populares que conseguiram levantar o estado de emergência que durava há 19 anos, mas também com oito mortes como preço. As eleições parlamentares são em Maio e a Argélia poderá ser tanto mais importante quanto vulnerável aos mais radicais for. Numa escala semelhante, mas de menor dimensão e eventuais consequências com o que acontecer no futuro, também a Mauritânia (ali ao lado) vai a votos para o parlamento (ainda sem data).

Não haverá duas sem três em Angola

No Médio Oriente, as relações entre Palestina e Israel não auguram evoluções positivas e em ano de eleições parlamentares e presidenciais, o espaço de manobra da Autoridade Palestiniana de Mahmoud Abbas para o reatamento das eternamente adiadas conversações de paz com Benjamin Netanyahu está limitado.

Em África, José Eduardo dos Santos confirmou na mensagem de Ano Novo as eleições legislativas e presidenciais, que deverão ser lá para o final do verão, mas ainda não confirmou se vai candidatar-se pela terceira vez a um novo mandato; o que é provável que aconteça.

A Guiné-Bissau está na ressaca de um golpe militar já controlado e já tem eleições parlamentares previstas, mas ainda sem data. Como também ainda não há notícias do regresso ao país do presidente Malam Bacai Sanhá, em França desde Novembro a recuperar de uma operação.

Na África de expressão inglesa, Quénia e Zimbabué são os dois países mais importantes a irem a eleições. E uma das provas mais importantes a superarem - o que deverá ser difícil - será evitar a violência que marca actos eleitorais e as habituais acusações de fraude.

No Zimbabué, Robert Mugabe luta pela manutenção do poder com unhas e dentes, já tendo sido nomeado pelo seu partido para as eleições que o próprio presidente antecipou para o ano em que fará 88 anos.
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