Vivem com os pais por falta de dinheiro

Mais de 60 por cento dos casais entre 50 e 70 anos ainda vivem com pelo menos um filho em casa, sinal da cada vez mais tardia emancipação dos jovens, em particular devido ao elevado custo habitacional, escreve a Lusa.

Os dados fazem parte de um estudo da La Caixa sobre «A geração da transição - entre trabalho e reforma», que analisa as atitudes dos mais jovens relativamente a temas como o trabalho, a vida económica e a reforma.

O estudo refere que mais de 60 por cento dos pais com idades entre 50 e 70 anos ainda vive com pelo menos um filho em casa.

Precários, temporários e mal pagos



Eles bateram com o nariz na Porta

Espanha é assim o país da UE com maior número de jovens, entre 25 e 29 anos, que ainda vivem em casa dos pais (cerca de 59 por cento).

Vivem com filhos, pais e netos

Aos ombros dos maiores de 50 anos estão, em muitos casos, também os seus pais, que ainda convivem com 25 por cento dos sondados.

Cerca de 48 por cento dos inquiridos têm, além de filhos e pais, pelo menos um neto ao seu cuidado, consolidando situações em que na mesma casa já convivem quatro gerações.

A proporção dos inquiridos com filhos não emancipados é maior quando os filhos estão em cursos superiores (74 por cento), menos quando não têm estudos (52 por cento) ou com apenas estudos primários (46 por cento).

O estudo verifica que 52 por cento dos entrevistados ajudou economicamente os filhos no último ano e que apenas 16 por cento dos pais receberam qualquer ajuda dos filhos.

«Geração mil eurista»

O estudo confirma a emancipação cada vez mais tardia dos jovens e a dificuldade em entrar no mercado habitacional.

Comprar casa ou até mesmo alugar, em muitos casos, tornou-se tarefa quase impossível para a geração mais jovem - conhecida como «geração mil eurista» - e que não consegue responder a um preço médio por metro quadrado que nos últimos 10 anos quase triplicou para 2.000 euros.

Nas grandes cidades, esse valor é ainda mais elevado, atingindo os três, os quatro ou os 5.000 euros em Madrid e Barcelona.

Relatórios da OCDE estimam que em Espanha os preços da habitação estejam sobrevalorizados entre 24 e 32 por cento, tendo crescido 130 por cento, de forma acumulada, na última década.

Em muitos casos, nasceram mesmo organizações de «okupas» - pessoas que ocupam casas abandonadas em protesto pelo elevado custo da habitação em Espanha.

Estimular arrendamento

Procurando atenuar a situação, o governo anunciou em Setembro último um pacote de medidas. Estas prevêem, por exemplo, um subsídio de 210 euros mensais para todos os jovens que estejam a trabalhar, que vivam em Espanha há pelo menos quatro anos e que tenham rendimentos abaixo dos 22 mil euros líquidos anuais.