A embaixada do sol nascente no Euro-2000 - TVI

A embaixada do sol nascente no Euro-2000

Japão e Coreia promovem Mundial-2002 Os organizadores do Mundial-2002 aproveitaram a presença dos jornalistas europeus para explicar o que pretendem fazer daqui por dois anos. Portugal é muito desejado no Oriente.

Aproveitando a presença maciça dos media europeus em Roterdão, os comités organizadores do Mundial-2002 (Japão e Coreia do Sul) realizaram um cocktail destinado a fazer o ponto da situação sobre os avanços e as iniciativas nos dois países. No final do encontro, «Maisfutebol» efectuou breves entrevistas com os secretários-gerais das duas instituições (JAWOC para o Japão, KOWOC para a Coreia). 

Endoh Yasuhiko (Japão): «Esperamos Portugal de braços abertos» 

- Um dos grandes receios dos espectadores para 2002 é o preço dos bilhetes. O Japão está a ter em conta as diferenças económicas entre os adeptos dos 32 países participantes?

- Temos tido muitas observações nesse sentido. O que posso dizer é que os preços dos bilhetes têm sido alvo de demoradas conversas com o comité da FIFA responsável por esse tema, e nada tem sido feito sem a sua aprovação. O aumento de preços dos bilhetes para o Mundial reflecte apenas o crescimento natural que se verifica desde 1994. Se compararmos um Mundial com os espectáculos mais conceituados, como os concertos de música clássica ou a ópera, não creio que se possa falar em exagero. 

- E o custo de vida no Japão não será desencorajador para os adeptos dos países mais pobres? Haverá preços especiais durante o Mundial?

- Toda a gente comenta o custo de vida no Japão, mas as referências partem de Tóquio, onde os preços são efectivamente mais altos. Mas nas cidades que vão acolher o Mundial, os preços são semelhantes aos das grandes capitais europeias. Não creio que haja razões para estarem muito preocupados. É claro que quem quiser tratamento VIP, comer nos melhores restaurantes ou ir aos melhores sushi bars vai ter de gastar muito dinheiro. Mas todas as cidades-sede têm muitas instalações de qualidade a preços razoáveis. Noto uma grande falta de informação a esse respeito, e só por isso já valeu a pena termos vindo à Europa. 

- Está aqui em missão de relações públicas?

- Não só. Viemos com dois objectivos essenciais: aprender com as medidas de segurança aqui tomadas, porque o «hooliganismo» é um fenómeno estranho aos japoneses; e, dado que a final será jogada em Yokohama, quisemos perceber tudo o que está por detrás da organização de um jogo desta natureza, a nível de protocolo, cuidados de segurança, cerimonial, etc. Tivemos elementos do nosso staff em todas as áreas de organização, e mesmo um responsável em linha directa com a UEFA. Desta forma, soubemos sempre em primeira mão quais as medidas adequadas para qualquer situação. 

- A perspectiva de uma competição organizada por dois países não levanta problemas suplementares?

- A esse respeito, o Euro-2000 foi uma experiência encorajadora. Bélgica e Holanda fundiram as suas diferenças em torno de um objectivo comum. Acho que a organização funcionou muito bem e o mesmo vai acontecer com Japão e Coreia, apesar das enormes diferenças sociais, a começar pela língua. 

- O França-98 foi, nas bancadas, um grande espectáculo universalista. As questões económicas e o problema das distâncias não ameaça fazer do Mundial-2002 um evento exclusivamente para consumo dos adeptos japoneses e coreanos?

- Como sabe, a política da FIFA no que diz respeito às grandes competições passa pela divisão fifty-fifty dos bilhetes entre os organizadores e as federações participantes. Por isso, estou convencido de que nos estádios japoneses teremos uma distribuição equilibrada entre os adeptos locais e os estrangeiros. De qualquer forma, uma coisa eu garanto: os estádios vão estar cheios!

- Não receia que o sucesso do Mundial fique muito dependente dos resultados conseguidos pelo Japão e a Coreia?

-Claro que seria um sonho ver o Japão chegar muito longe na prova. Mas o público japonês, além de entusiasta, é profundamente conhecedor do futebol internacional. A admiração que o nosso povo tem pelas grandes estrelas e pelas grandes selecções faz com que eu possa garantir que nunca faltarão espectadores, sejam quais forem os nossos resultados. 

- Portugal está entre essas selecções tão admiradas?

- Os laços históricos entre os nossos países têm mais de 400 anos. A influência do cristianismo na sociedade japonesa deve-se à chegada dos portugueses. E no nosso idioma perduram ainda muitas frases e expressões «roubadas» aos vossos antepassados. Além disso, Portugal é um grande país de futebol. Por todas estas razões, esperamos a vossa presença de braços abertos. E ficaríamos muito felizes se a nossa experiência pudesse contribuir, de alguma maneira, para o sucesso do vosso Europeu-2004. 

Chang-Shin-Choi (Coreia): «Temos dos melhores estádios do mundo» 

- Como estão as infraestruturas do vosso país, a dois anos do Mundial?

-Posso afirmar com orgulho de que a Coreia do Sul tem alguns dos melhores estádios do Mundo, rigorosamente construídos de acordo com as determinações da FIFA, que aliás já manifestou apreço pelo nosso trabalho nesse campo. Tudo foi estudado até ao pormenor, e com muito tempo pela frente. Nesta altura, temos 51% das estruturas concluídas, e até Setembro de 2001 tudo ficará a postos para a grande festa do futebol. 

-A perspectiva da união entre as duas Coreias a pretexto do Mundial continua de pé, tal como a FIFA tem defendido em diversas ocasiões? É possível que Piongyang acolha alguns jogos do Mundial?

-Seria um passo muito importante, mas é um assunto difícil de comentar por enquanto. O diálogo é essencial para ultrapassar diferenças, e pela nossa parte estamos preparados para conversar. Mas se por união entende a participação de uma selecção conjunta, aí digo-lhe que é uma medida muito improvável, até porque o futebol da Coreia do Sul está muito mais desenvolvido. 

- O Euro-2000 teve algum efeito na forma como estão a preparar a vossa organização?

Sem dúvida, especialmente no que diz respeito a assuntos relacionados com a segurança. Tivemos ontem uma reunião com o chefe da polícia holandesa e garanto-lhe que aprendemos imenso, em especial acerca do comportamento-padrão dos «hooligans». Aliás, vamos criar uma lei especial que estará em vigor na Coreia, durante o Mundial, destinada a lidar melhor com situações de violência. 

- Os adeptos portugueses não são violentos. Presumo que não esteja muito preocupado com eles...

- Sou um admirador do futebol português há quase 35 anos, desde que Eusébio efectuou aquele Mundial fantástico. Nessa altura fiquei muito impressionado com a qualidade da vossa selecção. Depois, houve um período de quebra, mas voltei a ficar muito bem surpreendido com a prestação portuguesa no Europeu. Faço votos que se qualifiquem para 2002 e, já agora, que venham para a Coreia.

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